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VENEZUELA
Presidente anuncia salário mínimo de US$ 209 e nega culpa por mortes de manifestantes em protestos de rua
Chávez admite referendo para se legitimar
DA REDAÇÃO
O presidente Hugo Chávez, da
Venezuela, admitiu ontem a possibilidade de convocar um referendo sobre sua permanência no
poder. A consulta, sugeriu, deve
ocorrer entre 2003 e 2004.
O mandato de Chávez vai até
2007, mas, devido aos acontecimentos tumultuados das últimas
semanas -ele foi deposto em 11
de abril e recuperou o poder dois
dias depois-, sua legitimidade
tem sido questionada por setores
da sociedade venezuelana.
Chávez desafiou os adversários
a se prepararem para esse confronto nas urnas. "Caso eu perca,
deixo o governo", disse. A hipótese de um referendo já vinha sendo
evocada. A oposição a Chávez
chegou a aceitá-la, mas defende
que se convoque imediatamente
o eleitorado.
O presidente também reafirmou que depois de amanhã entra
em vigor o novo salário mínimo
venezuelano, que passa de o equivalente a US$ 174 para US$ 209.
Mas as empresas com menos de
20 assalariados darão um aumento menor, complementando-o
apenas em outubro.
Chávez ainda afirmou que renunciaria caso se comprove sua
responsabilidade na repressão de
rua que provocou de 12 a 24 mortos, entre 11 e 14 de abril. A repressão aos manifestantes que exigiam sua renúncia foi um dos pivôs da abortada tentativa de golpe
de Estado.
"A Justiça deve ser implacável
para aqueles que cometeram assassinatos", afirmou no programa "Alô Presidente", o primeiro a
ser transmitido após a abortada
tentativa de golpe.
Disse que, no dia do golpe, desencadeou o chamado "Plano
Ávila", autorizando a entrada em
ação de soldados e blindados para
garantir a segurança interna, porque a Guarda Nacional se mostrava incapaz de evitar que manifestantes de oposição entrassem em
conflito violento com partidários
do governo.
"Se alguém comprovar que fui o
responsável por tantas mortes, eu
não deveria ser presidente e poderiam me colocar numa prisão",
disse ontem.
Esperava-se que Chávez aproveitasse o programa "Alô Presidente" para anunciar algo como
uma ampla reforma do governo
que sinalizasse uma tentativa de
entendimento com as parcelas da
sociedade descontentes com seu
governo.
O presidente, no entanto, limitou-se a nomear como vice-presidente da República José Vicente
Rangel, 72, que deverá conduzir a
tentativa de diálogo com setores
políticos e econômicos.
Rangel é advogado e jornalista
e, durante o governo Chávez, foi
ministro do Exterior e da Defesa,
tornando-se o primeiro civil em
72 anos a ocupar aquela pasta.
Como vice, substitui Diosdado
Cabello, mantido no governo como ministro sem pasta. A Constituição do país define o vice-presidente como membro do ministério nomeado pessoalmente pelo
chefe de Estado.
O presidente da Assembléia Nacional, William Lara, havia aconselhado Chávez a encontrar um
verdadeiro "operador político".
Rangel, no entanto, é um homem
do establishment de Chávez, que
não amplia sua base de apoio.
Em Miami, o subsecretário de
Estado norte-americano para a
América Latina, Otto Reich, disse
esperar que Chávez não enterre as
instituições democráticas e "não
repita seus erros".
Reich vem sendo apontado como conivente com os militares e
civis que tentaram derrubar Chávez, embora os Estados Unidos
neguem qualquer participação.
Com agências internacionais.
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