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São Paulo, terça-feira, 29 de abril de 2003

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EPIDEMIA

População do vilarejo de Chagugang destrói escola supostamente adaptada para receber doentes de grandes cidades

Sars causa revolta no interior da China

Patrick Lin/France Presse
Paciente que está em quarentena em hospital municipal de Taipé (Taiwan) pede para ir para casa


ERIK ECKHOLM
DO "NEW YORK TIMES", EM CHAGUGANG

Milhares de moradores da cidade rural de Chagugang saquearam os quatro andares de uma escola local, por acreditar que o prédio seria utilizado para abrigar pacientes com Sars (síndrome respiratória aguda grave, na sigla em inglês) vindos de grandes centros urbanos, principalmente de Tianjin, porto 20 km ao sul.
O incidente, ocorrido na noite de anteontem, foi o primeiro protesto civil violento na China relacionado à síndrome -segundo moradores, de 20 a 40 pessoas foram detidas pela polícia.
Ontem, a segurança foi intensificada em Chagugang. O prédio atacado foi cercado por policiais e soldados. Na semana passada, a escola foi fechada repentinamente para uma reforma -as salas de aula foram transformadas em 200 quartos individuais.
Moradores da cidade e de vilarejos próximos expressavam ontem indignação em relação ao que consideraram desdenho das autoridades das grandes cidades com a população rural.
"Também somos gente", disse uma mulher, que preferiu não se identificar. "Essa doença é o que todos querem evitar, e as autoridades querem jogá-la sobre nós."
Moradores de Chagugang disseram que o ataque à escola na noite de domingo reuniu mais de 10 mil pessoas e foi dispersado pela polícia local apenas por volta da meia-noite.
Segundo testemunhas, quando a escola foi esvaziada, os quartos parcialmente adaptados estavam destruídos, as janelas haviam sido quebradas e material de construção fora queimado.
Autoridades locais se recusaram a confirmar o número de detidos, mas um porta-voz do distrito de Wuqing, que inclui Chagugang, disse: "Obviamente, quem se envolver em roubo e destruição de propriedade será punido".

Quarentena
O mesmo porta-voz disse que a escola não estava sendo adaptada para abrigar pacientes com Sars, mas para servir como um centro de quarentena para pessoas em contato com vítimas da doença.
"A população local é ignorante e acreditou nos boatos", declarou o assessor. Moradores disseram que foram informados sobre a adaptação da escola apenas no dia em que a escola foi fechada e que não receberam esclarecimentos do governo.
Um oficial do governo chinês para a área, que visitava a região ontem, demonstrou simpatia pela população local. "É uma reação muito normal", disse ele. "As pessoas são capazes de enfrentar dificuldades econômicas, mas a tolerância é mais baixa em questões ligadas à saúde."


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