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Epidemia provoca o maior abalo
na economia chinesa desde 1989
KEITH BRADSHER
DO "NEW YORK TIMES", EM GUANGZHOU (CHINA)
O surto da síndrome respiratória aguda grave desferiu o maior
golpe contra a economia chinesa
desde o massacre da praça Tienanmen (Paz Celestial), em 1989,
provocando uma queda nas vendas no varejo e na demanda de
produtos chineses de exportação
e levando ao colapso o turismo
doméstico e estrangeiro.
O banco J.P. Morgan Chase estima que, após crescer ao ritmo
anual galopante de 9,9% no primeiro trimestre de 2003, a economia chinesa encolherá para 2%
anuais no segundo. Algumas medidas adotadas pelo governo para
dificultar a difusão da doença estão intensificando os danos causados à economia.
A Prefeitura de Pequim ordenou o fechamento de todos os locais de entretenimento, e o governo de Guangdong anunciou que
grupos de turismo não poderão
entrar nem sair da Província.
"A economia parou", disse o
economista Andy Xie, da Morgan
Stanley. Para ele, se a China não
conseguir controlar a epidemia
logo, "as coisas vão ficar extremamente difíceis".
O impacto econômico inicial da
crise recaiu principalmente sobre
empresas fornecedoras de serviços, que, em sua maioria, dependem dos gastos dos consumidores e compõem um terço da economia chinesa. Mas há sinais de
que o enorme setor manufatureiro, que responde por metade da
produção econômica nacional,
começará a sentir efeitos negativos indiretos em pouco tempo.
Por outro lado, alguns bancos
de investimentos não parecem
tão preocupados, apostando que
um país repressor como a China
não terá dificuldade em controlar
a doença. Cingapura e Vietnã
também tiveram bons resultados
com a doença ao adotar medidas
como quarentenas rígidas.
"A partir do momento em que
os líderes chineses focalizam os
problemas e decidem tomar medidas, eles geralmente resolvem
os problemas, mesmo que às vezes o façam com eficiência brutal", afirmou o banco Goldman
Sachs, em relatório.
"Poderíamos dizer que é uma
qualidade positiva de um governo
autoritário", concluiu o texto.
Tradução de Clara Allain
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