São Paulo, sexta-feira, 29 de abril de 2011

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DEPOIMENTO

"Passei pela praça do atentado só 12 horas antes da explosão"

EM MARRAKECH

O telefone celular tocou, mas, pensando no preço do roaming internacional, nem atendi. Fui alertado por uma turista francesa que estava ao meu lado na madrassa Ali Ibn Yusuf, um prédio histórico de uma antiga escola de teologia de Marrakech.
"Sua família deve estar tentando falar com você. Ocorreu um atentado aqui pertinho, na praça Djemma el Fna", disse.
Na turística madrassa, a versão dos funcionários era de um acidente, uma explosão num botijão de gás.
Mas era a francesa que estava bem informada, menos de duas horas após o ataque. A praça estava no caminho dela naquela manhã -mas, por sorte, ela só passou por lá minutos após a explosão.
Relatos do tipo -de quem passou ou passaria pela Djemma el Fna antes ou depois do atentado- eram até óbvios entre os turistas, porque ninguém imagina visitar Marrakech sem conhecer a muvuca de coisas estranhas a um turista ocidental, como macacos fazendo mímicas em coleira e cobras ao chão obedecendo ordens.
Eu mesmo já havia passado pelo café Argana 12 horas antes da explosão -pensando em voltar lá ontem à tarde para tomar um sorvete com a mulher no cobiçado terraço do estabelecimento.
O músico espanhol Julian Rodriguez Leon, vizinho de quarto do riad onde me hospedei, também passou pela praça menos de uma hora antes do ataque. "Estava lotada", conta. Mais tarde, estranhava ter de passar por revista com detector de metais para visitar outro estabelecimento turístico na cidade.
À noite, papeava com os outros hóspedes do riad para tentar resolver a dúvida do funcionário: afinal, onde estão as belgas que saíram de manhã cedinho e não haviam voltado até 23h30? (AI)


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