São Paulo, terça-feira, 29 de junho de 2004

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"Iraquianos têm seu país de volta", comemora Bush

TERENCE HUNT
DA ASSOCIATED PRESS, EM ISTAMBUL

O presidente americano, George W. Bush, e o premiê britânico, Tony Blair -os líderes da Guerra do Iraque-, comemoraram ontem a transferência adiantada da "soberania" aos iraquianos. "A população iraquiana tem seu país de volta", disse Bush.
Blair descreveu a transferência como fato histórico, um dia no qual "a democracia toma o lugar da ditadura, no qual a liberdade substitui a repressão e no qual a população do Iraque pode antever a esperança de um Iraque que realmente garanta o futuro das pessoas". Bush disse: "Cumprimos nossa promessa. Prometemos pôr fim a um regime perigoso, libertar os oprimidos e restaurar a soberania".
Ambos reconheceram que os ataques de rebeldes causaram mais mortes do que a própria guerra. "Seus ataques brutais não impediram a soberania iraquiana e não vão impedir a democracia iraquiana", declarou Bush.
O presidente reconheceu que a situação militar "é difícil, sem dúvida", descrevendo o terrorista Abu Musab al Zarqawi, ligado à Al Qaeda, como "assassino brutal que mata a sangue frio".
Mas, prosseguiu, "eles não podem derrotar nossos militares". "O que eles podem fazer é postar-se diante de uma câmera de TV e decapitar uma pessoa, para tentar nos fazer retroceder, assustados, e bater em retirada. Essa é a arma mais forte deles", disse Bush.
"O premiê Iyad Allawi já declarou diversas vezes que não vai se deixar intimidar por esses assassinatos brutais, e nós tampouco", disse Bush. "O povo iraquiano precisa ouvir, em alto e bom som, que terá nossa amizade e nosso apoio, por mais difícil que a situação se torne."
O presidente concluiu: "Quinze meses após a libertação do Iraque e dois dias antes do prazo previsto, o mundo assistiu à chegada de um Iraque livre e soberano".
Bush e Blair desafiaram boa parte da opinião pública -incluindo aliados seus de longa data- para irem à guerra. "Não estou certo de termos persuadido todos os nossos críticos", disse Blair, ao lado de Bush na cúpula da Otan em Istambul. Num gesto que fortaleceu Bush e Blair, os líderes da Otan, incluindo França e Alemanha, deixaram de lado um ano de diferenças e concordaram em ajudar a treinar forças de segurança iraquianas.
Bush marcou a transferência de poder com um comentário e aperto de mão com Blair, quando os dois estavam com outros líderes mundiais em volta da mesa de conferências, na cúpula.
Bush ofereceu a Allawi luz verde para impor a lei marcial, se for preciso, e tomar outras medidas de duras para derrotar o terrorismo. "Ele pode ser obrigado a tomar medidas de segurança rígidas para lidar com Zarqawi", disse Bush. "Zarqawi é o sujeito que decapita pessoas na TV. Ele é quem manda os homens-bomba matarem mulheres e crianças. O primeiro-ministro Allawi é chefe de um governo soberano."
Funcionários da administração Bush disseram acreditar que a transferência adiantada da "soberania" possa fortalecer a posição do novo governo para fazer frente à violência aberta e à ameaça do terrorismo.
Um alto funcionário disse que a transferência precoce vinha sendo discutida por Allawi e autoridades americanas havia pelo menos uma semana. No final, Allawi disse aos representantes dos EUA que estava pronto para assumir o governo do Iraque, concluindo, no domingo, que o adiantamento o colocaria em posição de mais força para lidar com os insurgentes. Bush foi informado do plano no domingo.


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