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"Iraquianos têm
seu país de volta",
comemora Bush
TERENCE HUNT
DA ASSOCIATED PRESS, EM ISTAMBUL
O presidente americano, George W. Bush, e o premiê britânico,
Tony Blair -os líderes da Guerra
do Iraque-, comemoraram ontem a transferência adiantada da
"soberania" aos iraquianos. "A
população iraquiana tem seu país
de volta", disse Bush.
Blair descreveu a transferência
como fato histórico, um dia no
qual "a democracia toma o lugar
da ditadura, no qual a liberdade
substitui a repressão e no qual a
população do Iraque pode antever a esperança de um Iraque que
realmente garanta o futuro das
pessoas". Bush disse: "Cumprimos nossa promessa. Prometemos pôr fim a um regime perigoso, libertar os oprimidos e restaurar a soberania".
Ambos reconheceram que os
ataques de rebeldes causaram
mais mortes do que a própria
guerra. "Seus ataques brutais não
impediram a soberania iraquiana
e não vão impedir a democracia
iraquiana", declarou Bush.
O presidente reconheceu que a
situação militar "é difícil, sem dúvida", descrevendo o terrorista
Abu Musab al Zarqawi, ligado à
Al Qaeda, como "assassino brutal
que mata a sangue frio".
Mas, prosseguiu, "eles não podem derrotar nossos militares".
"O que eles podem fazer é postar-se diante de uma câmera de TV e
decapitar uma pessoa, para tentar
nos fazer retroceder, assustados, e
bater em retirada. Essa é a arma
mais forte deles", disse Bush.
"O premiê Iyad Allawi já declarou diversas vezes que não vai se
deixar intimidar por esses assassinatos brutais, e nós tampouco",
disse Bush. "O povo iraquiano
precisa ouvir, em alto e bom som,
que terá nossa amizade e nosso
apoio, por mais difícil que a situação se torne."
O presidente concluiu: "Quinze
meses após a libertação do Iraque
e dois dias antes do prazo previsto, o mundo assistiu à chegada de
um Iraque livre e soberano".
Bush e Blair desafiaram boa
parte da opinião pública -incluindo aliados seus de longa data- para irem à guerra. "Não estou certo de termos persuadido
todos os nossos críticos", disse
Blair, ao lado de Bush na cúpula
da Otan em Istambul. Num gesto
que fortaleceu Bush e Blair, os líderes da Otan, incluindo França e
Alemanha, deixaram de lado um
ano de diferenças e concordaram
em ajudar a treinar forças de segurança iraquianas.
Bush marcou a transferência de
poder com um comentário e
aperto de mão com Blair, quando
os dois estavam com outros líderes mundiais em volta da mesa de
conferências, na cúpula.
Bush ofereceu a Allawi luz verde
para impor a lei marcial, se for
preciso, e tomar outras medidas
de duras para derrotar o terrorismo. "Ele pode ser obrigado a tomar medidas de segurança rígidas
para lidar com Zarqawi", disse
Bush. "Zarqawi é o sujeito que decapita pessoas na TV. Ele é quem
manda os homens-bomba matarem mulheres e crianças. O primeiro-ministro Allawi é chefe de
um governo soberano."
Funcionários da administração
Bush disseram acreditar que a
transferência adiantada da "soberania" possa fortalecer a posição
do novo governo para fazer frente
à violência aberta e à ameaça do
terrorismo.
Um alto funcionário disse que a
transferência precoce vinha sendo discutida por Allawi e autoridades americanas havia pelo menos uma semana. No final, Allawi
disse aos representantes dos EUA
que estava pronto para assumir o
governo do Iraque, concluindo,
no domingo, que o adiantamento
o colocaria em posição de mais
força para lidar com os insurgentes. Bush foi informado do plano
no domingo.
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