São Paulo, terça-feira, 29 de julho de 2008

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Olmert admite fracasso do calendário de paz

Prazo estabelecido em Anápolis é insuficiente, diz premiê israelense; destino de Jerusalém mina acordo

DA REDAÇÃO

O premiê israelense Ehud Olmert afirmou ontem ao Parlamento que um acordo de paz com os palestinos, incluindo uma decisão sobre Jerusalém, não será alcançado neste ano. É a primeira vez que Olmert admite publicamente que o calendário da Conferência de Anápolis, que no ano passado previu a assinatura do acordo antes do fim do governo George W. Bush, não é factível.
O objetivo das negociações é criar um mecanismo para tratar da questão de Jerusalém a longo prazo, afirmou o premiê -que, investigado por corrupção, pode deixar o cargo em setembro, após votação sobre a liderança do seu partido, o Kadima, de centro-direita.
Em outros tópicos, diz Olmert, "a diferença [entre as posições israelense e palestina] não é tão dramática". Segundo o premiê, é possível chegar ainda em 2008 a um consenso sobre a situação dos refugiados e sobre os limites e a segurança do futuro Estado palestino.
O porta-voz do presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, descartou um acordo que exclua a questão de Jerusalém, cujo setor oriental (árabe) foi ocupado por Israel em 1967 e é reivindicado como futura capital de um Estado palestino. O destino da cidade fez naufragar várias vezes as negociações de paz.
Cingidos por conflitos internos, os palestinos estão em uma posição difícil nas negociações. O Hamas, facção rival do Fatah, grupo de Abbas, e que controla desde junho de 2007 a faixa de Gaza, boicota o diálogo, alegando que Israel não pretende ceder às demandas básicas palestinas. "É por isso que escolhemos a luta armada", justifica Mahmoud al Zahar, um dos líderes do grupo.

Palestina conflagrada
Ontem, as forças de segurança de Abbas prenderam na Cisjordânia 50 supostos apoiadores do Hamas, aumentando a tensão entre os dois grupos. Desde sexta-feira, quando ataque atribuído ao Fatah matou cinco militantes do Hamas e uma garotinha, pelo menos 200 homens ligados ao partido de Abbas foram detidos na faixa de Gaza.
Prisioneiros tanto do Fatah quanto do Hamas relatam torturas, confirmadas pelo grupo humanitário palestino Al Haq e pela ONG Human Rights Watch. Shawan Jabarin, diretor do Al Haq, diz que as prisões políticas arbitrárias são comuns nos territórios palestinos e que, antes do recrudescimento do final de semana, pelo menos mil pessoas já tinham sido detidas pelos dois grupos. Ele estima que entre 20% e 30% tenham sido torturadas.


Com agências internacionais


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