São Paulo, quinta-feira, 29 de agosto de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

GUERRA SEM LIMITES

Segundo autoridades, indiciados operavam a partir do território americano; três estão presos, e um, foragido

EUA acusam 4 árabes de complô terrorista

DA REDAÇÃO

Autoridades americanas acusaram ontem quatro homens de origem árabe de integrarem uma "célula operacional de combate adormecida" (não ativa, mas pronta para agir quando contatada) que conspirou para apoiar ataques terroristas dentro e fora dos EUA.
Em um indiciamento revelado em Detroit, os quatro suspeitos -que operavam a partir do território americano e foram ligados a um movimento religioso islâmico chamado Salafiyya- foram acusados de "causar prejuízos econômicos a empresas americanas" e fornecer armas e outras formas de apoio a grupos planejando "ataques violentos contra pessoas e edifícios nos territórios da Jordânia, da Turquia e dos EUA".
Três dos suspeitos indiciados -um argelino, Farouk Ali Haimoud, e dois marroquinos, Karim Koubriti e Ahmed Hannan- estão detidos há meses em conexão com a investigação federal sobre os ataques de 11 de setembro ao World Trade Center e ao Pentágono. O quarto suspeito, identificado apenas como Abdella, está foragido, disse uma porta-voz do escritório da Procuradoria do Leste de Michigan, em Detroit.
Um quinto suspeito foi detido em conexão com o caso, mas nenhuma acusação contra ele foi especificada no indiciamento.
O indiciamento menciona Osama bin Laden e seus apelos para que "todos os muçulmanos matem os americanos", mas não estabelece nenhuma conexão direta entre os suspeitos e o terrorista que, em vídeo divulgado pelo governo americano, assumiu os atentados de 11 de setembro.
Os homens, segundo o indiciamento, usavam "formas de comunicação em código" para falar sobre planos terroristas e estavam "envolvidos em planos para obter armas para beneficiar integrantes do grupo em outros países".
Os três suspeitos presos em setembro de 2001 em Detroit foram acusados de conspirar para realizar um ataque à base americana de Incirlik, na Turquia, entre outras ações violentas que, segundo o indiciamento, seriam parte de uma "guerra santa global".
"Seus planos envolviam ataques violentos específicos, incluindo ataques a uma base aérea americana em Incirlik, Turquia, e um hospital em Amã, Jordânia", afirmava o indiciamento, citando planos encontrados em uma agenda em um apartamento.
Três dos suspeitos teriam discutido em junho de 2001 que "o islã permitia matar civis inocentes".
De acordo com o indiciamento, os homens investigaram brechas na segurança do aeroporto de Detroit e, em uma busca em um apartamento que alguns deles dividiam, foi achada uma fita de vídeo com imagens da Disneylândia, na Califórnia, e do Hotel e Cassino MGM, em Las Vegas.
O indiciamento deve ser o primeiro de uma série acusando americanos de fornecer apoio a partir do território americano a grupos terroristas estrangeiros, como a Al Qaeda, de Bin Laden, e a extremistas, como o Hizbollah -resultado de meses de investigações por parte do FBI (a polícia federal) e outras agências.
Agentes federais acreditam ter descoberto um amplo esforço de cidadãos americanos, muitos deles imigrantes, para usar o roubo de cartões de crédito, o contrabando de cigarros e o desvio de fundos de caridade para enriquecer grupos terroristas com dinheiro originado nos EUA, disseram fontes no governo à agência Associated Press.


Com agências internacionais


Texto Anterior: Guerra sem limites: Caçada a Bin Laden frustra americanos
Próximo Texto: Alemanha indicia um suspeito pelo 11 de setembro
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.