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POLÊMICA
Medicamento é usado na Europa, mas ativistas antiaborto estavam impedindo a venda no mercado americano
Governo dos EUA aprova pílula do aborto
DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
As autoridades de saúde dos Estados Unidos aprovaram ontem a
comercialização da pílula do
aborto RU-486, depois de 12 anos
de polêmica em torno da venda
do medicamento no país.
A RU-486, que pode provocar
uma interrupção da gravidez sem
a necessidade de cirurgia, foi lançada na França em 1988 e já é usada no Reino Unido, na Suécia e
em outros países europeus, mas
os ativistas antiaborto conseguiram adiar, até agora, a entrada do
medicamento nos Estados Unidos, onde o aborto é legal.
A RU-486, também conhecida
como mifepristone, ainda não
existe no Brasil. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, nenhum fabricante entrou
ainda com pedido para registrá-la. A pílula poderia ser usada nos
casos em que a lei brasileira permite o aborto: para interromper
uma gravidez proveniente de estupro e para salvar a vida da mãe.
Segundo as autoridades norte-americanas, a aprovação da pílula
"é o resultado de uma avaliação
cuidadosa das provas científicas
relacionadas à segurança e à eficácia do medicamento".
A RU-486 provoca o aborto ao
bloquear um hormônio necessário à sustentação da gravidez. Pela
legislação norte-americana, a pílula deve ser acompanhada, dois
dias depois, por um outro medicamento, o misoprostol, que causa contrações uterinas. A mulher
precisa retornar ao médico duas
semanas mais tarde para saber se
a gravidez foi realmente interrompida, porque existe o risco de
um aborto incompleto.
A lei norte-americana diz que a
pílula só pode ser usada nos primeiros 49 dias após a última
menstruação. Junto com o medicamento, as mulheres vão receber
um panfleto alertando para a possibilidade de efeitos colaterais, como sangramento forte, náusea e
vômito.
As autoridades norte-americanas exigem também que os médicos que receitarem a pílula saibam identificar com precisão há
quanto tempo a mulher está grávida e se a gravidez é tubária ou
não. Eles também precisam saber
como agir em caso de sangramento forte ou de um aborto incompleto. Já ocorreram casos, na
Europa, em que o sangramento
foi tão grave que as mulheres precisaram de transfusão de sangue.
O grupo sem fins lucrativos The
Population Council, que tem os
direitos de comercialização da pílula do aborto nos EUA, disse que
o medicamento estará no mercado dentro de um mês. Ele será
vendido com o nome de Mifeprex
pelo laboratório Danco, criados
especialmente para a distribuição
da pílula.
"As mulheres dos Estados Unidos terão agora acesso a métodos
de aborto não cirúrgicos como
em outros países da Europa", afirmou a porta-voz do The Population Council, Sandra Waldman.
Segundo ela, a aprovação da pílula dará maior privacidade às mulheres e aos médicos, que hoje enfrentam protestos, às vezes violentos, de ativistas antiaborto em
frente às clínicas que oferecem esse serviço. O acesso das mulheres
ao aborto também deve aumentar, especialmente nas áreas rurais, onde não há clínicas.
A RU-486 não deve ser confundida com a "pílula do dia seguinte", vendida no Brasil com o nome de Postinor-2. A "pílula do dia
seguinte" não é abortiva. Ela apenas evita a gravidez e é um método legal. A Postinor-2 pode ser
comprada em qualquer farmácia
e tomada no dia seguinte a uma
relação para evitar a gravidez.
Colaborou a Redação
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