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FBI deixa de avaliar pistas sobre
terrorismo por falta de tradutores
DA REDAÇÃO
Três anos depois dos ataques
do 11 de Setembro, mais de 120
mil horas de gravações supostamente ligadas ao terrorismo ainda não foram traduzidas pelo FBI
(polícia federal dos EUA). De
acordo com um relatório do Departamento da Justiça divulgado
anteontem, problemas em computadores podem ainda ter apagado gravações da Al Qaeda.
Segundo o documento, entregue pela inspetora-geral do departamento, Glenn Fine, o FBI
ainda não tem capacidade para
traduzir milhares de telefonemas,
conversas, e-mails e documentos
que podem incluir informações
sobre planos terroristas, e o fluxo
de informações novas ultrapassa
os recursos da agência.
Aumentar a capacidade de tradução tornou-se uma prioridade
do governo na luta contra o terrorismo. No dia 10 de setembro de
2001, mensagens da Al Qaeda dizendo "amanhã é a hora zero" e
"o jogo vai começar" foram interceptadas pela Agência Nacional
de Segurança, mas só foram traduzidas alguns dias depois, revelando a gravidade do problema.
O relatório, cuja maior parte
permanece sob sigilo, revelou
problemas não só em traduzir e
classificar rapidamente, mas também com qualidade. Apesar de os
tradutores serem obrigados a realizar periodicamente exames de
proficiência, essa regra foi ignorada com freqüência no último ano.
Congressistas qualificaram a
notícia como desanimadora. "De
que adianta ter horas de gravações se não podemos traduzi-las?
Essa bagunça se tornou um problema crônico que obviamente
tem implicações na segurança nacional", afirmou o senador democrata Patrick Leahy. "Não resolve
nada ter em mãos os planos dos
ataques terroristas se não somos
capazes de saber o que são esses
planos", disse o senador republicano Charles Grassley.
Em resposta ao relatório, o FBI
diz que deu "importantes passos
para reforçar as capacidades lingüísticas", mas a quantidade de
tradutores que possuem o conhecimento necessário e problemas
nos sistemas de computadores
atrasaram a tradução do material
sobre terrorismo.
O diretor do FBI, Robert Mueller, concorda que "é preciso fazer
mais pelo programa". O relatório
fez 18 recomendações para o FBI,
que afirma já ter implementado
algumas.
Com US$ 48 milhões de verbas
adicionais concedidas depois do
11 de Setembro, o número de tradutores no FBI passou de 883 em
2001 para 1.214 em abril deste ano,
com novos conhecedores de árabe, farsi, pashtu, chinês, turco e
outras línguas consideradas importantes para as investigações
sobre terrorismo. Porém o relatório de Fine, a inspetora-geral, deixou claro que esse aumento não
eliminou os problemas.
A investigação responsabiliza
em parte os computadores do
FBI, classificados como antiquados e complicados. A limitada capacidade de estocar informações
fez com que gravações antigas
fossem apagadas automaticamente para fazer espaço para novas informações, mesmo que as
antigas ainda não tivessem sido
traduzidas.
Com agências internacionais e o "New
York Times".
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