São Paulo, quarta-feira, 29 de setembro de 2004

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FBI deixa de avaliar pistas sobre terrorismo por falta de tradutores

DA REDAÇÃO

Três anos depois dos ataques do 11 de Setembro, mais de 120 mil horas de gravações supostamente ligadas ao terrorismo ainda não foram traduzidas pelo FBI (polícia federal dos EUA). De acordo com um relatório do Departamento da Justiça divulgado anteontem, problemas em computadores podem ainda ter apagado gravações da Al Qaeda. Segundo o documento, entregue pela inspetora-geral do departamento, Glenn Fine, o FBI ainda não tem capacidade para traduzir milhares de telefonemas, conversas, e-mails e documentos que podem incluir informações sobre planos terroristas, e o fluxo de informações novas ultrapassa os recursos da agência. Aumentar a capacidade de tradução tornou-se uma prioridade do governo na luta contra o terrorismo. No dia 10 de setembro de 2001, mensagens da Al Qaeda dizendo "amanhã é a hora zero" e "o jogo vai começar" foram interceptadas pela Agência Nacional de Segurança, mas só foram traduzidas alguns dias depois, revelando a gravidade do problema. O relatório, cuja maior parte permanece sob sigilo, revelou problemas não só em traduzir e classificar rapidamente, mas também com qualidade. Apesar de os tradutores serem obrigados a realizar periodicamente exames de proficiência, essa regra foi ignorada com freqüência no último ano. Congressistas qualificaram a notícia como desanimadora. "De que adianta ter horas de gravações se não podemos traduzi-las? Essa bagunça se tornou um problema crônico que obviamente tem implicações na segurança nacional", afirmou o senador democrata Patrick Leahy. "Não resolve nada ter em mãos os planos dos ataques terroristas se não somos capazes de saber o que são esses planos", disse o senador republicano Charles Grassley. Em resposta ao relatório, o FBI diz que deu "importantes passos para reforçar as capacidades lingüísticas", mas a quantidade de tradutores que possuem o conhecimento necessário e problemas nos sistemas de computadores atrasaram a tradução do material sobre terrorismo. O diretor do FBI, Robert Mueller, concorda que "é preciso fazer mais pelo programa". O relatório fez 18 recomendações para o FBI, que afirma já ter implementado algumas. Com US$ 48 milhões de verbas adicionais concedidas depois do 11 de Setembro, o número de tradutores no FBI passou de 883 em 2001 para 1.214 em abril deste ano, com novos conhecedores de árabe, farsi, pashtu, chinês, turco e outras línguas consideradas importantes para as investigações sobre terrorismo. Porém o relatório de Fine, a inspetora-geral, deixou claro que esse aumento não eliminou os problemas. A investigação responsabiliza em parte os computadores do FBI, classificados como antiquados e complicados. A limitada capacidade de estocar informações fez com que gravações antigas fossem apagadas automaticamente para fazer espaço para novas informações, mesmo que as antigas ainda não tivessem sido traduzidas.


Com agências internacionais e o "New York Times".

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