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Há iniciativas
para mudar a
lei brasileira
MÁRCIA DETONI
DA REDAÇÃO
No Brasil, o médico que abrevia a vida de um doente por
compaixão comete o crime de
homicídio simples, com pena
de seis a 20 anos de prisão. Mas
já existem algumas iniciativas
para mudar a lei.
O Ministério da Justiça está
examinando algumas propostas para incluir no projeto do
novo Código Penal um artigo
permitindo que os médicos
desliguem os aparelhos que
mantêm artificialmente a vida
de alguém. Além disso, tramita
no Senado, desde 1996, um
projeto de lei que estabelece
critérios para a legalização da
"morte sem dor"
O projeto, sem previsão de
data para votação, prevê a possibilidade de um paciente terminal com grande sofrimento
físico solicitar a eutanásia. A
autorização seria dada por uma
junta de cinco médicos, e a família poderia pedir o procedimento quando o paciente não
puder expressar a sua vontade.
O Conselho Federal de Medicina não tem uma posição fechada sobre a eutanásia. Mas o
código de ética proíbe os médicos de induzir a morte. "A eutanásia vem sendo permanentemente discutida, mas ainda
não existe consenso", afirma a
presidente do Conselho Regional de Medicina de São Paulo,
Regina Parizi.
O médico carioca Osmard
Andrade Faria, autor do livro
"Eutanásia, a Morte com Dignidade", defende a morte por
compaixão. "Trata-se de um
ato de humanidade, de amor,
não de crueldade", afirma.
Faria diz que o assunto não é
debatido no Brasil por causa da
forte influência da igreja. Mas,
segundo ele, a eutanásia já é
praticada no país. "Muitos médicos praticam a eutanásia em
pacientes terminais e irreversíveis, mas com muito silêncio e
sigilo por causa da condenação
pública", afirma.
Parizi diz, no entanto, que os
conselhos de medicina não têm
conhecimento de casos de eutanásia ativa, quando o médico
injeta substâncias letais no paciente. Mas, segundo ela, são
cada vez mais comuns os casos
de eutanásia passiva, quando
os médicos deixam de aplicar
terapias inúteis que só prolongam a dor do paciente e permitem que ele morra em paz.
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