DA REDAÇÃO

O Iraque refutou as acusações feitas anteontem pelo presidente dos EUA, George W. Bush. Autoridades em Bagdá disseram que o discurso do Estado da União estava repleto de "mentiras baratas" e mais uma vez negaram possuir armas de destruição em massa ou ter vínculos com a Al Qaeda.
O ditador Saddam Hussein voltou a ameaçar Washington, prometendo "quebrar o pescoço" dos americanos que se atreverem a invadir o Iraque.
"Eu desafio Bush e o seu governo a apresentar qualquer prova disso [dos laços com o grupo de Osama Bin Laden]", afirmou o vice-premiê iraquiano, Tariq Aziz, à rede de TV americana ABC. "Todos na região, todos no mundo sabem que o Iraque não tem nenhuma ligação com a Al Qaeda."
O general Hossam Mohammed Amin, representante do governo do Iraque perante os inspetores de armas da ONU, observou que "armas proibidas não são pequenos objetos que podemos esconder". "O Iraque se livrou de todas essas armas", disse.
EUA e Reino Unido dizem que Bagdá tem escondido suas armas de destruição em massa e se negado a cooperar com as inspeções, violando resoluções da ONU. Os chefes dos inspetores atestaram nesta semana que Bagdá não tem ajudado tanto quanto deveria.
Em resposta, o embaixador iraquiano na ONU, Mohammad Aldouri, prometeu ontem cooperação "ativa", "para provar que essas acusações infundadas são só elucubrações". Segundo ele, o governo Bush está "cegado pela febre do petróleo".
Falando na TV iraquiana, o general Amin afirmou que o discurso de Bush estava "cheio de mentiras baratas com um objetivo político". E acrescentou: "Lamentamos profundamente que o pequeno Bush tenha de usar mentiras. Ele sabe que o Iraque respeitou todas as resoluções".
Saddam disse que os EUA pagarão um alto preço se decidirem atacar seu país. "Se eles acreditarem em sua ilusão [e atacarem o Iraque], por Deus a América será ferida", declarou ele, durante encontro com líderes militares exibido pela TV estatal.
O ditador não fez referências diretas ao discurso apresentado por Bush no Congresso. "Quando falamos aos americanos dessa maneira, não tememos o mal, mas estamos tentando evitá-lo. Mas quando o mal estiver determinado, se Deus quiser, quebraremos o seu pescoço no Iraque", declarou Saddam Hussein.