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Schröder considera difícil evitar guerra; Itália cede bases
DA REDAÇÃO
O chanceler alemão (premiê),
Gerhard Schröder, expressou ontem dúvidas de que ainda seja
possível evitar uma guerra contra
o Iraque. "Estou preocupado sobre se conseguiremos evitar uma
guerra no Iraque", afirmou. Ele é
um dos principais críticos de um
ataque na União Européia.
O premiê comentou a declaração de anteontem do presidente
George W. Bush de que os EUA
possuem -e divulgarão em breve- provas de que o Iraque tem
armas de destruição em massa,
além de evidências ligando o regime de Saddam Hussein à rede Al
Qaeda, responsável pelos atentados terroristas de 11 de setembro
de 2001.
"Não sei o que será apresentado, e só posso reagir depois", disse. Para Schröder, qualquer nova
prova pode ajudar os inspetores
da ONU no Iraque a realizar seu
trabalho.
França e Rússia, que têm assento permanente no Conselho de
Segurança da ONU (a Alemanha
é membro provisório, mas presidirá o órgão em 2003), também se
manifestaram a favor da divulgação de provas. Mas insistiram em
que as inspeções devem continuar, assim como a busca de uma
solução diplomática.
Para o chanceler russo, Igor Ivanov, as supostas provas "apenas
reforçam a opinião da Rússia de
que as inspeções devem continuar". "Elas devem ser entregues
aos inspetores no Iraque", disse.
Já o primeiro-ministro Tony
Blair, principal aliado dos EUA,
disse ao Parlamento britânico que
existem evidências de que Saddam "ajuda e protege terroristas,
incluindo membros da Al Qaeda". No entanto ele disse não haver "provas ligando o Iraque e a
Al Qaeda no que diz respeito aos
atentados de 11 de setembro".
EUA e Reino Unido têm sido alvo de críticas por ameaçarem um
ataque ao Iraque enquanto grupos como a Al Qaeda seguem ativos. Mas, se mostrarem um elo
entre Saddam e a Al Qaeda, a tese
da ação militar sairá reforçada.
O ministro da Defesa italiano,
Antonio Martino, informou ao
Parlamento que a Itália já autorizou aviões militares americanos a
utilizar bases do país. George Papandreou, chanceler da Grécia
(país que ocupa a Presidência da
UE), disse que o bloco pretende
enviar a seguinte mensagem ao
regime iraquiano: "O Iraque precisa cooperar com a ONU, mas
não está condenado à guerra".
Reação no mundo islâmico
Entre os governos árabes, especialmente os moderados com laços próximos com os EUA, a reação foi pequena. Eles preferem
evitar a questão iraquiana para
não desagradar aos EUA ou às
suas populações, majoritariamente contrárias à guerra.
O porta-voz da Liga Árabe, Hesham Youssef, disse que "a comunidade internacional não está
convencida, então eles necessitam
de mais argumentos, se querem
apoio [à guerra]".
"Se Bush tem evidências, elas
devem ser apresentadas, e os inspetores devem ter tempo para verificá-las", disse um funcionário
do governo de Qatar. Um diplomata saudita também defendeu
mais tempo para os inspetores.
O Qatar deverá sediar um dos
centros de comando dos EUA no
caso de haver guerra. Já a Arábia
Saudita reluta em autorizar o uso
de suas bases contra o Iraque.
O ministro da Defesa do Kuait
(invadido pelo Iraque em 1990)
não descartou permitir que os
EUA ataquem o país a partir de
seu território. "O Kuait prefere
uma decisão internacional. Mas,
se não for assim, a liderança política avaliará nosso interesse", disse Jaber Mubarak Al Sabah.
Com agências internacionais
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