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São Paulo, quinta-feira, 30 de janeiro de 2003

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Schröder considera difícil evitar guerra; Itália cede bases

DA REDAÇÃO

O chanceler alemão (premiê), Gerhard Schröder, expressou ontem dúvidas de que ainda seja possível evitar uma guerra contra o Iraque. "Estou preocupado sobre se conseguiremos evitar uma guerra no Iraque", afirmou. Ele é um dos principais críticos de um ataque na União Européia.
O premiê comentou a declaração de anteontem do presidente George W. Bush de que os EUA possuem -e divulgarão em breve- provas de que o Iraque tem armas de destruição em massa, além de evidências ligando o regime de Saddam Hussein à rede Al Qaeda, responsável pelos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.
"Não sei o que será apresentado, e só posso reagir depois", disse. Para Schröder, qualquer nova prova pode ajudar os inspetores da ONU no Iraque a realizar seu trabalho.
França e Rússia, que têm assento permanente no Conselho de Segurança da ONU (a Alemanha é membro provisório, mas presidirá o órgão em 2003), também se manifestaram a favor da divulgação de provas. Mas insistiram em que as inspeções devem continuar, assim como a busca de uma solução diplomática.
Para o chanceler russo, Igor Ivanov, as supostas provas "apenas reforçam a opinião da Rússia de que as inspeções devem continuar". "Elas devem ser entregues aos inspetores no Iraque", disse.
Já o primeiro-ministro Tony Blair, principal aliado dos EUA, disse ao Parlamento britânico que existem evidências de que Saddam "ajuda e protege terroristas, incluindo membros da Al Qaeda". No entanto ele disse não haver "provas ligando o Iraque e a Al Qaeda no que diz respeito aos atentados de 11 de setembro".
EUA e Reino Unido têm sido alvo de críticas por ameaçarem um ataque ao Iraque enquanto grupos como a Al Qaeda seguem ativos. Mas, se mostrarem um elo entre Saddam e a Al Qaeda, a tese da ação militar sairá reforçada.
O ministro da Defesa italiano, Antonio Martino, informou ao Parlamento que a Itália já autorizou aviões militares americanos a utilizar bases do país. George Papandreou, chanceler da Grécia (país que ocupa a Presidência da UE), disse que o bloco pretende enviar a seguinte mensagem ao regime iraquiano: "O Iraque precisa cooperar com a ONU, mas não está condenado à guerra".

Reação no mundo islâmico
Entre os governos árabes, especialmente os moderados com laços próximos com os EUA, a reação foi pequena. Eles preferem evitar a questão iraquiana para não desagradar aos EUA ou às suas populações, majoritariamente contrárias à guerra.
O porta-voz da Liga Árabe, Hesham Youssef, disse que "a comunidade internacional não está convencida, então eles necessitam de mais argumentos, se querem apoio [à guerra]".
"Se Bush tem evidências, elas devem ser apresentadas, e os inspetores devem ter tempo para verificá-las", disse um funcionário do governo de Qatar. Um diplomata saudita também defendeu mais tempo para os inspetores.
O Qatar deverá sediar um dos centros de comando dos EUA no caso de haver guerra. Já a Arábia Saudita reluta em autorizar o uso de suas bases contra o Iraque.
O ministro da Defesa do Kuait (invadido pelo Iraque em 1990) não descartou permitir que os EUA ataquem o país a partir de seu território. "O Kuait prefere uma decisão internacional. Mas, se não for assim, a liderança política avaliará nosso interesse", disse Jaber Mubarak Al Sabah.


Com agências internacionais


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