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São Paulo, quarta-feira, 30 de abril de 2003

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EUA anunciam retirada de tropas da Arábia Saudita

DA REDAÇÃO

Os EUA anunciaram ontem que vão concluir suas operações militares na Arábia Saudita e retirar praticamente todas as suas forças do país. Em comunicado conjunto, a Arábia Saudita disse que acertou a medida com Washington e desmentiu a versão de que teria pedido a retirada.
A presença de tropas norte-americanas na Arábia Saudita gerou ressentimento entre árabes em função de sua proximidade dos mais sagrados locais islâmicos. Era um grande motivo de insatisfação, explorado pelo terrorista saudita Osama bin Laden e sua rede Al Qaeda, responsáveis pelos ataques de 11 de setembro de 2001 -15 dos 19 terroristas envolvidos diretamente no sequestro dos aviões eram sauditas.
Os militares americanos na Arábia Saudita, cujo número dobrou para 10 mil durante a guerra no Iraque, já tinham começado a retirar-se de uma base aérea usada por aviões americanos para controlar o espaço aéreo no sul do Iraque. Segundo militares americanos, as operações estão sendo transferidas da base aérea Príncipe Sultan para o vizinho Qatar, onde os EUA estabeleceram outro centro de operações aéreas.
O anúncio da retirada, feito durante uma viagem do secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, pelo golfo Pérsico se seguiu à recusa saudita de permitir que cerca de cem aviões americanos partissem do país para atacar o Iraque.
"Com o fim da operação de vigilância do Iraque, não há necessidade de os aviões permanecerem", disse o ministro saudita da Defesa, príncipe Sultan bin Abdul Aziz, em entrevista coletiva conjunta com Rumsfeld. "Mas isso não significa que tenhamos pedido que fossem embora."
Rumsfeld disse que a "libertação do Iraque" mudou a situação no Golfo e permitiu que Washington reduza suas forças na região. "A relação entre nossos dois países tem várias dimensões -não é apenas militar, mas também diplomática e econômica."
Analistas disseram que a retirada americana tem implicações políticas profundas. A iniciativa coloca um ponto final numa relação que data de 1991, quando Washington usou a Arábia Saudita como plataforma de lançamento da Guerra do Golfo, para expulsar as tropas iraquianas do Kuait.
A presença de tropas ocidentais perto das cidades sagradas de Meca e Medina irritava muitos sauditas. Expulsar as tropas virou o grito de guerra de Bin Laden.
"Há vantagens políticas para ambas as partes. Os EUA terão maior liberdade de ação, os sauditas se sentirão mais à vontade -e nenhum dos dois lados precisará mencionar que a retirada americana era a exigência-chave de Osama bin Laden", disse Tim Garden, analista de segurança do Instituto Real de Assuntos Internacionais, do Reino Unido.
"[A retirada] é muito significativa. Ela reduz a dependência americana da Arábia Saudita e abre a possibilidade de o Iraque se tornar a base americana favorita na região. A necessidade do território e do petróleo sauditas diminuiu. Acho que a segunda mensagem é: "Nós, americanos, vamos nos retirar um pouco da Arábia Saudita e deixar que os sauditas resolvam seus problemas internos eles mesmos", disse o analista de defesa Paul Beaver.
Um pequeno grupo de técnicos americanos ficará no país para treinar soldados sauditas.


Com agências internacionais


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