São Paulo, quinta-feira, 30 de maio de 2002

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EUROPA

Em reação a avanço da extrema direita, bloco se reúne hoje para rever política antiimigração ilegal, reprovada por 55%

UE tenta apertar controle de imigrantes

DA REDAÇÃO

Dizendo estar reagindo ao avanço da extrema direita, que tem explorado a questão da imigração para ganhar votos, os governos dos países-membros da UE (União Européia) vão tentar, a partir de hoje, criar algum tipo de integração entre suas normas nacionais de imigração.
Ministros do Interior dos 15 Estados-membros e de 12 países candidatos à entrada na UE vão "avaliar como governos podem trabalhar mais juntos", disse Lionello Gabrici, porta-voz do bloco.
A reunião deve ocorrer na Itália, cujo premiê conservador, Silvio Berlusconi, colocou o combate à imigração ilegal no topo de sua lista de prioridades.
É um sentimento ecoado em outros países, onde partidos populistas e de extrema direita dizem que a UE se transformou em um abrigo para clandestinos.
Alemanha, Itália, França, Espanha e Bélgica devem apresentar os resultados de um estudo sobre a viabilidade de criar uma força policial para controlar as fronteiras externas da UE.
Os países poderiam decidir mobilizar a polícia quando achassem melhor -a mesma fórmula pela qual membros da UE gradualmente abandonaram o controle de suas fronteiras dentro do bloco. Nem todos o fizeram: o Reino Unido e a Dinamarca ainda controlam as fronteiras e são os mais resistentes a uma abordagem única em relação à imigração.
Outra idéia idéia é usar o sistema de satélite do bloco, Galileo, que deve operar a partir de 2006, para rastrear a imigração ilegal.
Apesar de os líderes da UE terem concordado, em 1999, em elaborar uma política comum de imigração, eles ainda não o fizeram e mantêm leis bastante díspares em relação ao assunto.
A imigração ilegal também deve dominar a pauta da próxima reunião de cúpula da UE em Sevilha.
Anteontem, o premiê espanhol, José Maria Aznar, disse em Roma que os líderes eram amplamente favoráveis a políticas de imigração e asilo "claras e funcionais" na UE. "É preciso lidar com as organizações mafiosas que se especializam em imigração ilegal, cujos lucros são usados para financiar não apenas o crime organizado, mas o terrorismo", afirmou.
A agência policial da UE, Europol, declarou ontem que identificou dez redes de imigração ilegal e interceptou cerca de 200 imigrantes na última semana, a maioria do Afeganistão e do Irã. A agência iniciou na semana passada a "Operação Pégasus", para combater o uso de navios de carga para "contrabandear" imigrantes ilegais.

Pesquisa
Os líderes da UE parecem estar em sintonia com a população: segundo uma pesquisa divulgada ontem, 55% dos europeus acham que as ações da UE contra a imigração ilegal não são eficazes.
De acordo com a pesquisa do Eurobarômetro, que ouviu 16 mil pessoas, 80% dos cidadãos da UE acham que a luta contra a imigração ilegal deve ser a prioridade de seus governos.
Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), entre 1980 e 2000, 8,4 milhões de pessoas pediram asilo a nações industrializadas, principalmente européias.
Além disso, todos os anos, dezenas de milhares de imigrantes ilegais, a maioria da África e da Ásia, tentam se instalar na Europa, onde a tolerância a eles está caindo.
Nas eleições deste mês na Holanda, o LPF, partido populista de Pym Fortuyn, assassinado durante a campanha, ficou em segundo lugar.
A guinada para a direita na Holanda refletiu o sólido desempenho de partidos antiimigração em eleições em Portugal, Dinamarca e Itália. Na França, o líder da extrema direita Jean-Marie Le Pen chegou a ir para o segundo turno na eleição presidencial e pode obter ganhos significativos na eleição parlamentar de junho.


Com agências internacionais


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