São Paulo, quarta-feira, 30 de maio de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

EUA aumentam sanções ao Sudão e proporão ampliação de embargo

Pressionado internamente, Bush quer que país sufoque as milícias árabes

Mustafa Ozer/France Presse
Sudanesa em campo de refugiados em Darfur, Sudão, onde já morreram mais de 200 mil pessoas


DA REDAÇÃO

O presidente dos EUA, George W. Bush, anunciou ontem a expansão unilateral de sanções econômicas ao Sudão e disse que pedirá à ONU que adote medidas para combater a violência no país africano. Segundo Bush, "o povo sudanês está pedindo socorro e o merece".
Conflitos na região de Darfur, oeste do país, entre milícias árabes ligadas ao governo e rebeldes separatistas de etnias africanas já fizeram mais de 200 mil mortos e 2,5 milhões de desabrigados desde 2003, segundo cálculos de ONGs.
O que move Bush, porém, não é só um suposto senso humanitário, mas a avaliação de que o governo do presidente Omar Hassan al Bashir não está se esforçando para impedir a ação dos milicianos e a pressão, dentro dos EUA, dos lobbies de grupos de direitos humanos e de conservadores cristãos, estes integrantes da sua base política.
O Conselho de Segurança da ONU chegou a impor um embargo da venda de armas às milícias e aos grupos rebeldes, mas não ao governo sudanês. O embargo, porém, tem sido quebrado, segundo relatório recente da Anistia Internacional. Além disso, o presidente Al Bashir se opõe à missão já aprovada pela ONU que prevê o envio de cerca de 22 mil capacetes azuis e soldados da União Africana a Darfur.
Bush anunciou que os EUA recrudescerão as sanções já impostas a cerca de cem empresas sudanesas; adicionarão a essa lista outras 31 companhias; adotarão sanções também contra três indivíduos sudaneses, um líder rebelde e dois membros do governo; e, por fim, apresentarão à ONU uma proposta de resolução ampliando o embargo ao comércio de armas.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou que precisa "de mais tempo" para negociar com o Sudão o envio da força de paz de 22 mil homens.
O subsecretário de Relações Exteriores do Sudão, Mutrif Siddig, afirmou que as sanções não se justificam e que seu país está cooperando com a ONU. O embaixador russo na ONU, Vitaly Churkin, questionou a pertinência das sanções devido às negociações em curso entre o Sudão e o secretário Ban.
O representante chinês de Assuntos Africanos, Liu Guijin, afirmou que "pressão e sanções" não ajudam a resolver o problema sudanês. A China é o maior comprador do petróleo do Sudão e um dos maiores investidores estrangeiros no país.
Tanto a China como a Rússia foram acusadas, no relatório da Anistia Internacional, de fornecerem armas para o Sudão. Pequim e Moscou negaram.


Com agências internacionais e o "New York Times"


Texto Anterior: Japão tem novo suicídio por corrupção
Próximo Texto: Foco: Após três anos, ativista Cindy Sheehan desiste de campanha contra guerra
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.