São Paulo, domingo, 30 de junho de 2002

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ORIENTE MÉDIO

Depois de 4 dias de cerco, prédio é arrasado

Após explodir QG palestino, Israel não encontra corpos de militantes

DA REUTERS

Com duas grandes explosões, a primeira na noite de sexta-feira e a segunda na madrugada de sábado, o Exército israelense destruiu totalmente o QG da polícia palestina em Hebron, cercado há quatro dias sob o argumento de que 15 militantes palestinos buscados por Israel estariam no local.
Até o fechamento desta edição, não se sabia o destino dos 15 homens. Após buscas iniciais, nenhum corpo foi encontrado nos escombros do edifício, situado em uma colina de Hebron, uma das sete cidades da Cisjordânia reocupadas pelo Exército israelense em resposta à morte de 26 israelenses em atentados há pouco mais de uma semana.
"Esta destruição, sem levar em conta a possibilidade de haver feridos dentro do quartel, prova a brutalidade da ocupação", disse o ministro da Informação palestino, Iasser Abed Rabbo. As duas explosões, provocadas por cerca de duas toneladas de explosivos, provocaram um grande incêndio e quebraram os vidros de casas palestinas próximas ao QG.
"Foi como um terremoto. Os vidros estouraram e fui jogada ao chão. As crianças começaram a chorar", disse Raid Hamedi, 23, que mora a 200 metros do local.
Fontes militares israelenses afirmaram não ter encontrado nenhum corpo após uma busca inicial nas ruínas, que, além dos escombros, incluía uma torre de antena de televisão e diversos carros.
"Durante a semana, nós sabíamos que 15 terroristas haviam se refugiado no prédio das chamadas forças de segurança de Hebron", disse Arie Mekel, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores israelense. "Estamos fazendo uma busca no edifício ou do que sobrou dele para determinar o que de fato aconteceu."
Talal Seder, um ex-ministro palestino, disse não saber se havia alguém no prédio no momento das explosões. Na sexta-feira, ele foi autorizado por Israel a entrar no QG para tentar obter a rendição dos palestinos supostamente refugiados no local. Mas não teria encontrado ninguém.
"A última vez que entrei não obtive qualquer resposta. Talvez os israelenses tenham matado os palestinos nos primeiros dias do cerco", afirmou. Israel admite a possibilidade de os homens terem escapado através de túneis.
Num comunicado emitido após a primeira explosão, o Exército afirmou ter "detonado de forma controlada parte do edifício". Horas mais tarde, a segunda explosão, que destruiu o resto do prédio, foi confirmada.
"Isso mostra que o objetivo principal é impor o mando israelense sobre os palestinos e destruir todos os símbolos da Autoridade Palestina e sua infra-estrutura", afirmou Abed Rabbo.
Soldados israelenses também estão posicionados em seis outras cidades da Cisjordânia -Ramallah, Belém, Nablus, Jenin, Qalqilya e Tulkarem. Segundo o governo, a ocupação deve continuar enquanto prosseguirem os atentados terroristas contra Israel.
Em torno de 700 mil palestinos estão vivendo sob cerco e toque de recolher, levantado apenas durante curtos intervalos para permitir que os moradores possam comprar alimentos e outros produtos de primeira necessidade.
As operações israelenses na Cisjordânia incluem buscas por supostos ativistas palestinos acusados de estar por trás dos atentados terroristas contra Israel.
Israel acusa a Autoridade Nacional Palestina (ANP), presidida por Iasser Arafat, de financiar os atentados terroristas e não atuar para impedi-los.
No início da semana passada, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, finalmente endossou a tese israelense e condicionou o apoio americano a um Estado palestino à mudança da liderança palestina.
Os palestinos anunciaram a realização de eleições em janeiro, mas é provável que Arafat se candidate a reeleição, com boas chances de vitória.
Pelo menos 1.428 palestinos e 548 israelenses morreram desde setembro de 2000, quando teve início a atual revolta palestina contra Israel.


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