São Paulo, quarta-feira, 30 de junho de 2004

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Presidente vê "democracia iraquiana" como exemplo

DA REDAÇÃO

O presidente dos EUA, George W. Bush, afirmou ontem, ao final da cúpula da Otan (aliança militar ocidental) realizada em Istambul, na Turquia, que os países do Oriente Médio devem perceber que reformas políticas liberalizantes são vitais para o combate ao extremismo, mas salientou que Washington não imporá a democracia à região.
Um dia depois que as forças de ocupação lideradas pelos EUA fizeram a entrega formal do poder político aos iraquianos, Bush classificou o Iraque, que ainda é palco de uma violenta insurgência, de "a mais nova democracia do mundo" e disse que o país é um exemplo de liberdade para os outros Estados da região.
Bush argumentou que mudanças políticas são necessárias para levar prosperidade ao Oriente Médio, para fazer com que os governos da região sejam mais estáveis e para cortar o apoio que é dado aos extremistas islâmicos e aos terroristas.
"A histórica instalação da democracia no Oriente Médio e em regiões adjacentes será uma vitória compartilhada por todos", afirmou o presidente ao final do encontro da Otan.
Bush enfrenta uma dura disputa pela reeleição. O democrata John Kerry, seu virtual adversário, já o criticou inúmeras vezes por não ter conseguido mais apoio internacional aos esforços no Iraque. Assim, Bush busca mostrar que o país, no qual 160 mil soldados estrangeiros ainda combatem a insurgência, caminha em direção à paz e à democracia.
Seu governo vem tentando forçar reformas políticas no Oriente Médio desde o 11 de Setembro, buscando diminuir a hostilidade contra os EUA existente nos mundos árabe e muçulmano.
Segundo Bush, o "surgimento da democracia" no Iraque dá esperança aos reformistas do Oriente Médio. Disse ainda que os líderes da Síria e do Irã, países que são contrários à política externa dos EUA, deveriam estar preocupados com o exemplo iraquiano.

Rixa com Chirac
Um dia depois de o presidente da França, Jacques Chirac, tê-lo acusado de ingerir em assuntos europeus ao sugerir que os líderes da União Européia deveriam aceitar a entrada da Turquia no bloco, Bush voltou à carga e disse que o bloco tem de negociar com a Turquia, um país que é um exemplo de que a democracia e o islã são "compatíveis".
De acordo com o diário alemão "Süddeutsche Zeitung", Chirac e o chanceler (premiê) alemão, Gerhard Schröder, disseram concordar com o início das negociações da Turquia com a UE, mas não gostaram da ingerência americana nos assuntos europeus.
Chirac não fez questão de mostrar que as relações transatlânticas voltaram a ser amistosas e disse ser contrário à intenção dos EUA de que tropas da Otan treinem forças de segurança iraquianas no Iraque. Segundo o presidente francês, os países da Otan concordaram em treinar os iraquianos, mas não no Iraque.
A declaração de Chirac desagradou a diplomatas americanos. Estes disseram que, na véspera, os países-membros da Otan tinham concordado em realizar "uma missão coletiva dentro do Iraque". O documento oficial não menciona o local em que o treinamento das forças de segurança iraquianas será realizado.

Afeganistão
O presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, pediu aos líderes da Otan que acelerem o envio de mais soldados da aliança a seu país, já que a eleição marcada para setembro corre o risco de não ocorrer por conta da falta de segurança. A Otan expandirá de 6.500 para 10 mil o número de soldados de sua missão afegã. Mas 1.300 não ficarão no Afeganistão.
Chirac também desagradou aos EUA ao dizer que o envio de mais soldados da Otan ao Afeganistão poderá ser reexaminado.


Com agências internacionais


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