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ORIENTE MÉDIO
Ex-militar cuja empresa foi contratada para organizar a saída israelense diz que é contra e prevê confrontos
"Gerente" da retirada de Gaza ataca plano
MICHEL GAWENDO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DA REGIÃO DE ESHKOL (GAZA)
"Se eu ainda estivesse no Exército, sairia do meu cargo por causa
do plano de retirada de Gaza",
disse ontem à Folha Tzika Foghel,
que até o ano passado era o chefe
do comando sul do Exército israelense e que agora, como profissional de logística, foi escolhido pelo
governo para coordenar operações civis durante o plano do premiê Ariel Sharon.
"Vou cumprir minha função
como planejador profissional.
Mas eu sou "laranja'", disse ele, em
referência à cor usada pelos simpatizantes dos colonos em protestos contra a retirada.
"Os comandantes vão sofrer
com os muitos soldados que vão
se recusar a cumprir ordens de tirar os assentamentos. Eu estou
aliviado por não ter de enfrentar
esse problema", afirmou Foghel,
em uma tenda na região desértica
da fronteira entre Israel e Gaza.
Entre suas funções estão a montagem do centro de mídia estrangeira que funcionará durante a retirada e a coordenação das rotas
para milhares de carros de jornalistas, moradores, veículos militares e caminhões com a mudança
dos colonos nas estradas de mão
dupla da região de Eshkol.
Foghel afirma ser contra a retirada porque acha que, sem a presença militar de Israel, os grupos
terroristas palestinos vão assumir
o controle de Gaza.
"A Autoridade Nacional Palestina não terá nenhum poder lá. E o
Exército de Israel vai ter de voltar
a agir em Gaza", disse. "Esse plano resulta de interesses econômicos sobre Sharon, e nosso governo não tem visão de longo prazo.
Os políticos, como sempre, estão
pensando só no curto prazo."
"Estamos simplesmente fechando o portão [de Gaza] e jogando a chave fora. Isso só daria
certo se os egípcios participassem.
Só os países árabes sabem lidar
com o terrorismo. Só árabes sabem lidar com árabes", disse.
As comunidades agrícolas da
região de Eshkol, onde cada família tem seu negócio privado e os
serviços de cultura, educação e
saúde são compartilhados, estão
se preparando para ataques palestinos após a retirada, programada
para começar em 15 de agosto.
"Estamos construindo abrigos
contra disparos de foguetes Qassam e novas cercas ao redor das
comunidades", disse Uri Naamati, administrador do conselho regional local. "Temos de estar preparados para o período logo após
o plano", afirmou.
Uma dessas comunidades, chamada Kerem Shalom, que faz limite na fronteira com Gaza, vai
erguer um muro de concreto para
se proteger de disparos a partir do
território palestino. O custo estimado é de US$ 40 milhões.
Mas Naamati ressalta os ganhos
econômicos com a chegada de até
8.000 jornalistas à região entre
meados de julho e setembro.
"Temos 12 mil quartos disponíveis em hotéis e hospedarias, e todas as acomodações estarão tomadas. Os restaurantes e mercados vão fazer mais negócios.
Também vamos ter muitos empregos, pelo menos durante dois
meses", afirmou, em encontro
com jornalistas convidados para
conhecer os serviços da região.
Entre as 29 comunidades que
formam o conselho, nove foram
formadas por colonos retirados
de assentamentos judaicos do Sinai em 1982, quando o território
foi devolvido ao Egito como parte
de um acordo de paz.
Agora, Naamati quer receber
colonos de Gaza. Ele autorizou a
construção de casas temporárias
para 200 famílias -ou cerca de
900 dos 8.000 judeus que, por enquanto, moram no território costeiro espremidos entre 1,3 milhão
de palestinos.
A infra-estrutura de saneamento e comunicação está pronta sob
o terreno arenoso da comunidade
de Ievul, em meio a plantações de
figo-da-índia com irrigação artificial e estufas. "Quero que os colonos de Gaza venham. São pessoas
com alto nível de educação, muito
produtivas", disse Naamati.
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