|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
JUSTIÇA
Em decisão histórica, presidente terá de pagar US$ 90.686 por dizer que não teve relações sexuais com Lewinsky
Juíza multa Bill Clinton por mentir
RENATO FRANZINI
de Nova York
Numa decisão sem precedentes
na história dos EUA, uma juíza federal multou ontem o presidente
Bill Clinton em US$ 90.686 por ele
ter dado falso testemunho sobre
seu relacionamento com a ex-estagiária da Casa Branca Monica
Lewinsky.
Foi a primeira sanção legal desse gênero sofrida por um presidente dos EUA nos exercícios das
funções executivas.
A juíza Susan Webber Wright,
de Arkansas (centro-sul dos
EUA), considerou que Clinton
deu "respostas falsas, que induzem ao erro e evasivas e que tinham como objetivo obstruir o
processo judicial" em testemunho feito sob juramento.
A decisão de punir o presidente
foi divulgada em 12 de abril. Ontem, foi divulgada a punição.
O advogado de Clinton, Robert
Bennett, não recorreu da decisão
e disse ontem que o presidente
pagaria a multa com dinheiro de
um fundo criado para a sua defesa. "Aceitamos o julgamento e vamos obedecê-lo", afirmou.
O falso testemunho foi dado em
janeiro de 1998, no julgamento civil em que a ex-funcionária pública Paula Jones acusava o presidente de tê-la assediado sexualmente em 1991. Na época, Clinton
era governador de Arkansas e ela,
funcionária do Estado.
Os advogados de Jones convocaram o presidente para depor
sobre Monica Lewinsky porque
sua atitude no caso (manter relações com uma subordinada) teria
relação com o caso de Jones.
A juíza considerou que Clinton
"desrespeitou a corte" ao dizer
"nunca ter tido relações sexuais"
com Lewinsky. Um exame posterior de DNA no vestido da ex-estagiária identificou esperma do
presidente.
"As sanções são impostas não
só para deter outros que possam
pensar em copiar a má conduta
do presidente, mas também para
compensar a acusadora ao requerer que o presidente pague a ela
por gastos causados por ter deliberadamente ignorado ordens do
tribunal", disse a juíza.
Dos US$ 90.686, US$ 1.202 referem-se à viagem da juíza a
Washington para tomar o depoimento de Clinton. Outros
US$ 89.484 irão para Jones.
A firma de advocacia que representou Jones havia pedido
US$ 437.825. John W. Whitehead e o Rutherford Institute,
que também auxiliaram Jones,
haviam pedido US$ 58.533,03
para o pagamento de contas relacionadas ao processo. A defesa
de Clinton queria pagar US$
33.737.
Ela considerou que os advogados não deveriam ser ressarcidos
de todos seus gastos com o processo porque as partes já haviam
chegado a um acordo. Em novembro, Clinton concordou em
pagar US$ 850 mil para que Jones retirasse a acusação.
Clinton já havia embarcado no
avião que o levaria para uma
conferência na Europa quando a
decisão foi divulgada, pela manhã. Até as 20h30 de ontem (horário de Brasília), a Casa Branca
não havia comentado o caso.
Texto Anterior: Resposta negativa: Otan nega pedido de entrada da Argentina na aliança militar Próximo Texto: Decisão "dessacraliza" a Presidência Índice
|