São Paulo, Sexta-feira, 30 de Julho de 1999
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COMENTÁRIO
Decisão "dessacraliza" a Presidência

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
em São Paulo

A decisão de Susan Webber Wright formaliza a condenação do sistema judiciário norte-americano ao comportamento de Bill Clinton e simboliza a dessacralização da Presidência dos EUA.
A culpa do presidente nos episódios relativos a Paula Jones e Monica Lewinsky já havia ficado evidente para a opinião pública.
Graças à hábil utilização de tecnicidades por parte de seus advogados, Clinton escapou de punições impostas pelo sistema legal.
Fora dos tribunais, fechou um acordo com Paula Jones, pelo qual lhe pagou US$ 850 mil, que representou tácita admissão de culpa.
Mas sua ex-aluna Wright não perdoou o fato de Clinton ter mentido em juízo no depoimento que deu diante dela durante o processo que Jones movia.
Coube a ela impor a única sanção legal jamais sofrida por um presidente dos EUA no exercício de suas funções executivas.
A punição tem grande impacto num país em que a Presidência equivale, para o cidadão comum, a uma instituição quase sagrada.
Após Bill Clinton, nunca mais o presidente dos Estados Unidos será visto como o modelo de virtude que se costumava associar inerentemente aos eleitos para o cargo.
Richard Nixon já havia feito estragos a essa crença. Mas a anistia que seu sucessor lhe garantiu poupou-o de punições legais, embora tenha sofrido o mais sério castigo político, a perda do poder.
Clinton se livrou do impeachment e da renúncia, por causa do bom desempenho da economia. Mas, ainda que com pena irrisória, não se safou do braço da lei.


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