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COMENTÁRIO
Decisão "dessacraliza" a Presidência
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
em São Paulo
A decisão de Susan Webber
Wright formaliza a condenação
do sistema judiciário norte-americano ao comportamento
de Bill Clinton e simboliza a dessacralização da Presidência dos
EUA.
A culpa do presidente nos episódios relativos a Paula Jones e
Monica Lewinsky já havia ficado evidente para a opinião pública.
Graças à hábil utilização de
tecnicidades por parte de seus
advogados, Clinton escapou de
punições impostas pelo sistema
legal.
Fora dos tribunais, fechou um
acordo com Paula Jones, pelo
qual lhe pagou US$ 850 mil, que
representou tácita admissão de
culpa.
Mas sua ex-aluna Wright não
perdoou o fato de Clinton ter
mentido em juízo no depoimento que deu diante dela durante o processo que Jones movia.
Coube a ela impor a única
sanção legal jamais sofrida por
um presidente dos EUA no
exercício de suas funções executivas.
A punição tem grande impacto num país em que a Presidência equivale, para o cidadão comum, a uma instituição quase
sagrada.
Após Bill Clinton, nunca mais
o presidente dos Estados Unidos será visto como o modelo
de virtude que se costumava associar inerentemente aos eleitos
para o cargo.
Richard Nixon já havia feito
estragos a essa crença. Mas a
anistia que seu sucessor lhe garantiu poupou-o de punições legais, embora tenha sofrido o
mais sério castigo político, a
perda do poder.
Clinton se livrou do impeachment e da renúncia, por causa
do bom desempenho da economia. Mas, ainda que com pena
irrisória, não se safou do braço
da lei.
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