São Paulo, quarta-feira, 30 de agosto de 2000


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ÁSIA
Rebeldes que mantêm grupo de europeus cativo desde abril exigem a soltura de 3 extremistas em troca da liberdade do novo refém
Grupo filipino sequestra norte-americano

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Os rebeldes muçulmanos do grupo Abu Sayyaf sequestraram anteontem, no sul das Filipinas, um norte-americano, que acusam de ser espião da CIA (agência de inteligência dos EUA), e disseram ontem que o matarão se três extremistas presos nos Estados Unidos não forem libertados.
Robert Aventajado, o principal negociador do governo filipino, afirmou que o norte-americano foi sequestrado na cidade de Zamboanga e levado para a ilha de Jolo, onde os guerrilheiros do Abu Sayyaf mantêm detidos um grupo de europeus e uma filipina há meses.
Autoridades de Zamboanga disseram que se trata de Jeffrey Craig Edwards Schilling, um norte-americano de Oakland (Califórnia), que estava vivendo na cidade desde o último mês de março. Sua mulher, uma filipina, afirmou que Schilling foi sequestrado depois que o casal foi visitar a ilha de Jolo.
"Está confirmado. Ele foi levado para o acampamento do comandante Radulan", informou Aventajado. Radulan é um dos comandantes do Abu Sayyaf em Jolo, onde os rebeldes têm esconderijos nas montanhas.
Aventajado ajudou a negociar a libertação de seis reféns, que foram soltos no domingo e na segunda. Eles foram libertados graças à mediação de uma organização caritativa da Líbia, presidida pelo filho do ditador Muammar Gaddafi.

Boas-vindas
Os seis reféns libertados pelo Abu Sayyaf chegaram ontem à capital da Líbia, Trípoli, depois de quase quatro meses de cativeiro.
Uma francesa, uma franco-libanesa, dois sul-africanos e um alemão estavam sorridentes ao chegar ao quartel de Bab el Azizia, onde foi realizada uma cerimônia para desejar-lhes boas-vindas. Apenas a francesa Sonia Wendling, cujo namorado continua detido em Jolo, estava chorando.
Nem o ditador líbio nem seu filho Seif al Islam, que preside a organização que participou das negociações, estavam presentes no evento. No entanto seus nomes foram citados por todas as autoridades que discursaram durante a breve cerimônia.
O local do evento foi escolhido a dedo pelas autoridades líbias. O quartel de Bab el Azizia foi parcialmente destruído em 1986, quando aviões norte-americanos bombardearam o país para se vingar de uma suposta participação de Trípoli num atentado terrorista ocorrido em Berlim.
Fotografias expostas no quartel mostravam mulheres e crianças feridas durante o ataque aéreo de 1986 (que matou uma filha de Gaddafi) e um pôster apresentava um tubarão prestes a devorar um soldado norte-americano.
Rajab Azzarouq, o principal negociador líbio, disse que seu país não poupará esforços para obter a libertação dos outros reféns.
"Prometemos que, com a supervisão de nosso líder (Gaddafi) e o apoio de seu filho, continuaremos nossos esforços para libertar os outros reféns", afirmou.
Os guerrilheiros do Abu Sayyaf enfrentam o governo de Manila na tentativa de estabelecer um Estado islâmico independente em Mindanao, grande ilha ao sul do arquipélago filipino.
Dentre os três extremistas muçulmanos, cuja libertação é exigida pelo grupo, estaria o paquistanês Ramzi Youssef, 31, que foi o cérebro do atentado cometido no World Trade Center (Nova York), em 1993.
Washington classificou o Abu Sayyaf como organização terrorista e ofereceu ajuda a Manila para combatê-lo.
"Os EUA não negociam com terroristas, e consideramos o Abu Sayyaf uma organização terrorista", afirmou Philip Reeker, porta-voz do Departamento de Estado dos EUA. Ele também disse que várias autoridades norte-americanas foram enviadas a Zamboanga para obter mais informações sobre o sequestro.


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