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ÁSIA
Rebeldes que mantêm grupo de europeus cativo desde abril exigem a soltura de 3 extremistas em troca da liberdade do novo refém
Grupo filipino sequestra norte-americano
DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
Os rebeldes muçulmanos do
grupo Abu Sayyaf sequestraram
anteontem, no sul das Filipinas,
um norte-americano, que acusam
de ser espião da CIA (agência de
inteligência dos EUA), e disseram
ontem que o matarão se três extremistas presos nos Estados Unidos não forem libertados.
Robert Aventajado, o principal
negociador do governo filipino,
afirmou que o norte-americano
foi sequestrado na cidade de
Zamboanga e levado para a ilha
de Jolo, onde os guerrilheiros do
Abu Sayyaf mantêm detidos um
grupo de europeus e uma filipina
há meses.
Autoridades de Zamboanga
disseram que se trata de Jeffrey
Craig Edwards Schilling, um norte-americano de Oakland (Califórnia), que estava vivendo na cidade desde o último mês de março. Sua mulher, uma filipina, afirmou que Schilling foi sequestrado
depois que o casal foi visitar a ilha
de Jolo.
"Está confirmado. Ele foi levado
para o acampamento do comandante Radulan", informou Aventajado. Radulan é um dos comandantes do Abu Sayyaf em Jolo, onde os rebeldes têm esconderijos
nas montanhas.
Aventajado ajudou a negociar a
libertação de seis reféns, que foram soltos no domingo e na segunda. Eles foram libertados graças à mediação de uma organização caritativa da Líbia, presidida
pelo filho do ditador Muammar
Gaddafi.
Boas-vindas
Os seis reféns libertados pelo
Abu Sayyaf chegaram ontem à capital da Líbia, Trípoli, depois de
quase quatro meses de cativeiro.
Uma francesa, uma franco-libanesa, dois sul-africanos e um alemão estavam sorridentes ao chegar ao quartel de Bab el Azizia,
onde foi realizada uma cerimônia
para desejar-lhes boas-vindas.
Apenas a francesa Sonia Wendling, cujo namorado continua
detido em Jolo, estava chorando.
Nem o ditador líbio nem seu filho Seif al Islam, que preside a organização que participou das negociações, estavam presentes no
evento. No entanto seus nomes
foram citados por todas as autoridades que discursaram durante a
breve cerimônia.
O local do evento foi escolhido a
dedo pelas autoridades líbias. O
quartel de Bab el Azizia foi parcialmente destruído em 1986,
quando aviões norte-americanos
bombardearam o país para se vingar de uma suposta participação
de Trípoli num atentado terrorista ocorrido em Berlim.
Fotografias expostas no quartel
mostravam mulheres e crianças
feridas durante o ataque aéreo de
1986 (que matou uma filha de
Gaddafi) e um pôster apresentava
um tubarão prestes a devorar um
soldado norte-americano.
Rajab Azzarouq, o principal negociador líbio, disse que seu país
não poupará esforços para obter a
libertação dos outros reféns.
"Prometemos que, com a supervisão de nosso líder (Gaddafi)
e o apoio de seu filho, continuaremos nossos esforços para libertar
os outros reféns", afirmou.
Os guerrilheiros do Abu Sayyaf
enfrentam o governo de Manila
na tentativa de estabelecer um Estado islâmico independente em
Mindanao, grande ilha ao sul do
arquipélago filipino.
Dentre os três extremistas muçulmanos, cuja libertação é exigida pelo grupo, estaria o paquistanês Ramzi Youssef, 31, que foi o
cérebro do atentado cometido no
World Trade Center (Nova York),
em 1993.
Washington classificou o Abu
Sayyaf como organização terrorista e ofereceu ajuda a Manila para combatê-lo.
"Os EUA não negociam com
terroristas, e consideramos o Abu
Sayyaf uma organização terrorista", afirmou Philip Reeker, porta-voz do Departamento de Estado
dos EUA. Ele também disse que
várias autoridades norte-americanas foram enviadas a Zamboanga para obter mais informações sobre o sequestro.
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