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EUROPA
Foram 762 mortes diárias entre 1º e 15 de agosto
Governo francês admite que calor matou mais de 11,4 mil pessoas
DA REPORTAGEM LOCAL
O calor matou na França, nas
duas primeiras semanas de agosto, 11.435 pessoas, sobretudo idosos que moravam sozinhos, vitimados pela desidratação e hipertemia. É o que revela primeira estimativa oficial, divulgada ontem
pelo Ministério da Saúde.
"Os números poderão ser ainda
bem maiores", disse Gilles Bruckner, diretor do Instituto de Vigilância Sanitária, responsável pelo
levantamento, baseado nos atestados de óbitos entregues ao registro civil. Com o calor, por vezes
acima de 40C, as mortes foram,
na primeira metade do mês, 55%
mais numerosas que no mesmo
período do ano passado.
Morreram 762 idosos por dia.
"Não há precedentes num período tão curto de catástrofe dessa
amplitude", disse ontem o presidente da Coordenadoria Médica e
Hospitalar, François Aubart.
O número ontem anunciado excede em muito a única estimativa
prévia do governo. O ministro da
Saúde, Jean-François Mattei, calculara, no pico da crise, que as
mortes seriam de 1.500 a 3.000.
Quando a maior associação de
empresas funerárias avançou a
estimativa de 10 mil mortos, número com o qual passou a trabalhar a Cruz Vermelha Francesa, o
governo a princípio considerou a
cifra "possível", mas depois a
qualificou de "inflada". Mattei insistia que só no início de setembro
poderia fornecer dados precisos.
Há forte pressão na oposição de
esquerda e entre os situacionistas
do governo de centro-direita para
que o ministro seja afastado. Os
políticos ligados ao presidente
Jacques Chirac precisariam de um
bode expiatório para que o suposto imobilismo do governo não tenha repercussões eleitorais.
A Assembléia Nacional (Câmara dos Deputados) está em recesso. Mesmo assim, as bancadas socialista e comunista entraram
com pedido de abertura de comissão de inquérito.
O vice-prefeito de Paris, o socialista Yves Contassot, disse que a
renúncia de Mattei seria uma forma de demonstrar "respeito pelas
famílias das vítimas". A seu ver, o
governo poderia ser exonerado
por incompetência.
Normalmente a França teria registrado nas duas primeiras semanas de agosto 20.630 óbitos.
Mas o registro civil (atribuição
das prefeituras e não de cartórios
privados naquele país) emitiu
32.065 atestados.
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