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São Paulo, sábado, 30 de agosto de 2003

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EUROPA

Foram 762 mortes diárias entre 1º e 15 de agosto

Governo francês admite que calor matou mais de 11,4 mil pessoas

DA REPORTAGEM LOCAL

O calor matou na França, nas duas primeiras semanas de agosto, 11.435 pessoas, sobretudo idosos que moravam sozinhos, vitimados pela desidratação e hipertemia. É o que revela primeira estimativa oficial, divulgada ontem pelo Ministério da Saúde.
"Os números poderão ser ainda bem maiores", disse Gilles Bruckner, diretor do Instituto de Vigilância Sanitária, responsável pelo levantamento, baseado nos atestados de óbitos entregues ao registro civil. Com o calor, por vezes acima de 40C, as mortes foram, na primeira metade do mês, 55% mais numerosas que no mesmo período do ano passado.
Morreram 762 idosos por dia. "Não há precedentes num período tão curto de catástrofe dessa amplitude", disse ontem o presidente da Coordenadoria Médica e Hospitalar, François Aubart.
O número ontem anunciado excede em muito a única estimativa prévia do governo. O ministro da Saúde, Jean-François Mattei, calculara, no pico da crise, que as mortes seriam de 1.500 a 3.000.
Quando a maior associação de empresas funerárias avançou a estimativa de 10 mil mortos, número com o qual passou a trabalhar a Cruz Vermelha Francesa, o governo a princípio considerou a cifra "possível", mas depois a qualificou de "inflada". Mattei insistia que só no início de setembro poderia fornecer dados precisos.
Há forte pressão na oposição de esquerda e entre os situacionistas do governo de centro-direita para que o ministro seja afastado. Os políticos ligados ao presidente Jacques Chirac precisariam de um bode expiatório para que o suposto imobilismo do governo não tenha repercussões eleitorais.
A Assembléia Nacional (Câmara dos Deputados) está em recesso. Mesmo assim, as bancadas socialista e comunista entraram com pedido de abertura de comissão de inquérito.
O vice-prefeito de Paris, o socialista Yves Contassot, disse que a renúncia de Mattei seria uma forma de demonstrar "respeito pelas famílias das vítimas". A seu ver, o governo poderia ser exonerado por incompetência.
Normalmente a França teria registrado nas duas primeiras semanas de agosto 20.630 óbitos. Mas o registro civil (atribuição das prefeituras e não de cartórios privados naquele país) emitiu 32.065 atestados.


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