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EUA
Conservador John Roberts assumirá posto no tribunal de maior importância do país a partir da próxima segunda-feira
Senado aprova novo chefe da Suprema Corte
IURI DANTAS
DE WASHINGTON
Poucas horas depois de ter sido
confirmado por 78 votos a 22 no
Senado, o juiz conservador John
Roberts foi nomeado ontem chefe
da Suprema Corte dos EUA, assumindo a vaga aberta pela morte
de William Rehnquist no início
do mês. Foi a primeira indicação
do presidente George W. Bush
para o tribunal de maior importância do país. Agora as atenções
se voltam para o posto de Sandra
Day O'Connor, que anunciou sua
aposentadoria.
Com a confirmação, Roberts se
torna o mais novo chefe da Suprema Corte nos últimos 200 anos. O
cargo é vitalício.
"Vejo a votação desta manhã
como uma confirmação do que,
para mim, é a pedra fundamental
dos meus princípios: julgar é diferente de fazer política", disse Roberts de improviso, como de costume, após fazer o juramento.
A aprovação no Congresso já
era esperada, devido à maioria republicana, e ao perfil de Roberts,
cujas opiniões sobre temas polêmicos como o aborto e casamento
de homossexuais ainda são relativamente desconhecidas. No Senado, Bush obteve o apoio de metade da bancada dos democratas
(22), vitória que analistas consideram difícil de se repetir na próxima nomeação.
O juramento de Roberts como
chefe da Suprema Corte surgiu
como um oásis de conforto para
um turbulento mês de setembro
enfrentado por Bush. Quando o
presidente anunciou a indicação
do juiz para o cargo, no dia 3 de
setembro, muitos críticos chamaram atenção sobre a rapidez da
Casa Branca no assunto em contraste com a demora no socorro
às vítimas em Nova Orleans, onde
o furacão Katrina provocara
inundações seis dias antes.
Ontem, o porta-voz da Casa
Branca, Scott McClellan, disse
apenas que Bush indicará "a melhor pessoa para a posição" a respeito da substituição da juíza
O'Connor. "Ele vai nomear alguém que fará os americanos tão
orgulhosos como o juiz Roberts
faz", acrescentou.
O papel de O'Connor é crucial
nos resultados da Suprema Corte,
uma vez que ora ela vota com os
conservadores, ora com os mais
liberais, sendo considerada o fiel
da balança em temas polêmicos.
Segundo o diretor-executivo do
Centro Nacional de Pesquisa de
Políticas Públicas, David Almasi,
37, a entrada de Roberts não trará
mudanças profundas na Suprema
Corte. "Ele trabalhou como auxiliar de Rehnquist e compartilha
de suas visões, será preciso acompanhar seu comportamento em
cada caso que chegar agora à corte, mas não devemos ter muita diferença em relação ao que acontecia durante a chefia de Rehnquist.
Talvez em relação ao aborto, mas
não há previsão de nenhum caso
questionando o assunto nos próximos meses. E isso vai depender
muito de que tipo de caso será julgado, ele pode tender a considerar
a questão como um precedente
imutável do tribunal", explicou.
Na avaliação de Almasi, a rápida
e relativamente tranqüila aprovação ao nome de Roberts não deve
ser conseguida por Bush para a
aprovação do substituto de Sandra Day O'Connor. O presidente
vem enfrentando dificuldades no
Congresso após as críticas de republicanos sobre sua atuação no
atendimento a vítimas de furacões no golfo do México.
"Podemos esperar muita discussão, atuação parcial e fogos de
artifício dos democratas. Obviamente, será preciso esperar quem
o presidente vai indicar, se será alguém com um histórico desconhecido e poucas opiniões tornadas públicas, o que é raro. Certamente, não será como foi com Roberts", explicou.
O juiz começará o trabalho na
segunda-feira, quando a Suprema
Corte volta do recesso. Roberts
chega ao tribunal após dois anos
na Corte de Apelações do Distrito
de Columbia, onde foi indicado
também por Bush. No início da
carreira, trabalhou na Casa Branca, como auxiliar na equipe do
presidente Ronald Reagan (1911-2004) e depois iniciou carreira na
iniciativa privada, onde consolidou valores republicanos em
ações de litígio empresarial.
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