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URUGUAI
O oposicionista Tabaré Vázquez pode ser eleito amanhã, em primeiro turno
"Não decepcionarei a esquerda"
CLÁUDIA DIANNI
ENVIADA ESPECIAL A MONTEVIDÉU
Tabaré Vázquez, o candidato da
coalizão de esquerda Frente Ampla que lidera todas as pesquisas
para a eleição presidencial de
amanhã no Uruguai, disse que, se
ganhar, seu governo não irá decepcionar a esquerda de seu país,
como aconteceu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que
recebe críticas desse setor, inclusive em seu próprio partido.
"Nosso programa foi feito em
conjunto e aprovado por 500 convencionais de diferentes partidos.
Houve apenas uma abstenção. Isso significa que aprovaram nossa
proposta de governo. E, se os uruguaios nos elegerem, será porque
também aprovam. Portanto, não
haverá decepção", disse o candidato em entrevista coletiva concedida à imprensa estrangeira ontem, em que fez vários elogios ao
presidente Lula.
Vázquez tem no currículo uma
antiga militância de esquerda,
com propostas que já foram consideradas radicais. Mas tem sido
comparado ao presidente brasileiro pela moderação de seu atual
discurso e por propostas que incluem o setor privado.
"Não se pode clonar a experiência de um país [Brasil] por causa
da semelhanças das propostas",
disse Vázquez, que, porém, demonstra gostar da comparação
com Lula. Ele disse que o "caráter
sério e responsável" de suas propostas que, segundo ele, vão
"atender à emergência social no
país", são uma semelhança entre
seu eventual governo e o de Lula.
Entre as propostas parecidas
com as do governo do PT estão a
criação de programas sociais para
famílias carentes em troca da manutenção de criança e adolescentes na escola, a criação de parcerias entre os setores público e privado e o respeito aos contratos e
acordos com o FMI (Fundo Monetário Internacional).
O senador Danilo Artori, cotado
para ser o ministro da Economia
de Vázquez, disse que a esquerda
deve buscar uma alternativa entre
o Estado e o setor privado. "É isso
que Lula está fazendo. Ele está ganhando confiança e credibilidade.
A esquerda está em pleno processo de renovação", disse.
Se forem confirmadas as pesquisas de intenção de voto e Vázquez se tornar o primeiro presidente de esquerda da história do
país, o candidato disse que vai alterar a lei que anistiou os repressores da ditadura militar uruguaia
(1973-1984), a exemplo da discussão atualmente em curso na Suprema Corte da Argentina.
Segundo Vázquez, a lei que estabelece a caducidade dos crimes
da ditadura foi aprovada pela população em 1989. "Como somos a
favor das consultas populares,
não podemos dizer que elas só valem quando o resultado nos agrada. Temos de respeitar", disse.
Segundo ele, os governos posteriores ao plebiscito ignoraram um
artigo da lei que estabelece que o
Executivo deve investigar desaparecimentos políticos. "Isso vamos
fazer. Não pretendemos ignorar
esse instrumento", disse.
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