São Paulo, segunda-feira, 30 de outubro de 2006

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CUBA

Governo Raúl Castro estuda fazer correções na economia

MARC FRANK
DA "REUTERS", EM HAVANA

Cuba está começando a discutir maneiras de corrigir a ineficiência e as fraudes presentes em toda parte nos serviços administrados pelo Estado. A iniciativa pode assinalar um passo em direção à reforma econômica sob a égide do presidente interino Raúl Castro.
Numa série de artigos em três partes sobre corrupção em lojas e bares, o jornal "Juventud Rebelde", da Juventude Comunista, afirmou que uma equipe de especialistas de universidades vai investigar maneiras de melhorar os serviços. Os artigos revelaram casos de empregados de bares que roubam do Estado, servindo quantidades inferiores às estipuladas, e motoristas de táxi que cobram a mais dos passageiros.
Não é de hoje que os cubanos reclamam dos serviços fornecidos pelo Estado, que incluem dos transportes públicos deficientes até a escassez de produtos nas lojas.
Desde que Raúl Castro assumiu o governo, em 31 de julho, especialistas vêm especulando que ele poderia conduzir Cuba em direção a um modelo ao estilo chinês.
A economia cubana é quase inteiramente controlada pelo Estado. Este fornece os materiais e determina os preços e as quantidades que serão servidas, desde xícaras de café até serviços de engraxate. "A teoria que veio da União Soviética estava equivocada", disse ao "Juventud Rebelde" o economista Luis Marcelo Yera, do Instituto Nacional de Pesquisas Econômicas. Ele defende que seja dado aos trabalhadores mais poder de decisão na gestão das empresas estatais.
Yera foi um dos acadêmicos citados pelo jornal a ter dito que problemas sistêmicos prejudicam o desenvolvimento econômico. Há um ano, Fidel Castro, afastado do poder desde que foi submetido a uma cirurgia intestinal, avisou que a corrupção pode solapar a revolução. No início deste ano, ele enviou milhares de militantes e assistentes sociais a locais de trabalho para localizar e combater a corrupção e o desperdício.
Eles descobriram, entre outras coisas, que metade da gasolina e do óleo diesel bombeado no país era roubada. Todos os funcionários de postos de combustíveis foram substituídos.
O "Juventud Rebelde" concluiu que são necessárias medidas mais contundentes, considerando que as críticas de acadêmicos tornadas públicas quase certamente contaram com a aprovação do alto escalão do governo.
"Vivemos em uma sociedade que apresenta muitas distorções; é por isso que muitas coisas precisam ser garantidas pela coesão e o controle, mas nem tudo pode ser realizado dessa maneira", disse Ernesto Molina, da maior escola de relações internacionais de Cuba.


TRADUÇÃO DE CLARA ALLAIN


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