São Paulo, quinta-feira, 30 de novembro de 2006

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Equador irá refinar petróleo na Venezuela, afirma Correa

Quinto maior produtor na América Latina, país precisa importar derivados; presidente eleito diz que "nem Bush, nem Chávez" terão influência no país

DA REDAÇÃO

O presidente eleito do Equador, Rafael Correa, disse que a partir de seu primeiro dia de mandato passará a refinar o petróleo que o país produz na Venezuela. Quinto maior produtor da América Latina, com 530 mil barris de petróleo por dia, o Equador não é auto-suficiente na refinação, tendo de importar seus derivados. A nova estratégia poria fim à figura do intermediário.
"No dia 16 de janeiro mandamos petróleo para refinar na Venezuela. Já chega de jogar dinheiro pela janela exportando petróleo para importar derivados", disse Correa ao jornal equatoriano "El Comercio".
"Não podemos permitir que, de cada cinco barris, quatro sejam levados e nos deixem um. E, com os excedentes do petróleo, começaremos a investir em refinarias, transporte, armazenamento e geração hidroelétrica", acrescentou.
"Agora acabou a intermediação do petróleo. A Petroecuador [estatal] é a única empresa de produção de petróleo, que eu conheça, que não vende ao consumidor final, que é a refinaria, mas ao intermediário. Isso impede que se faça o óbvio, que é refinar em países amigos como a Venezuela."
O presidente voltou a defender ainda uma revisão nos contratos com as petrolíferas, avaliando que a reforma feita pelo presidente Alfredo Palacio, que prevê que as empresas repassem 50% da renda petrolífera ao Estado, não é suficiente. "Na questão do volume [de produção] não se tocou", disse.
Questionado sobre uma eventual oposição das empresas, respondeu: "Por que ficariam nervosas? Têm um negócio de US$ 1 bilhão e muitos motivos para estar contentes".
A Petrobras entrou no Equador em 2002 e hoje é a terceira maior produtora de petróleo do país, atrás da Petroecuador e da espanhola Repsol.
Apesar da proximidade com a Venezuela, Correa voltou a dizer que será independente do presidente Hugo Chávez.
"Com gente de mãos limpas, de mentes lúcidas e de corações patriotas, como Hugo Chávez e outros mandatários da região, sempre haverá mais coisas que nos una do que nos separe", disse ao diário espanhol "El Pais". "Mas na minha casa não mandam meus amigos. Aqui não vão mandar nem Bush, nem Chávez, só os equatorianos."

Constituinte
O Partido Social Cristão, a terceira força parlamentar no Equador, defendeu ontem a formação de uma frente de resistência contra a proposta do presidente eleito de convocar uma Assembléia Constituinte em substituição ao Congresso recém-eleito.
Já a Confederação de Nacionalidades Indígenas (Conaie) condicionou seu apoio ao novo governo à rejeição do Tratado de Livre Comércio que vinha sendo negociado com os EUA e à convocação da Assembléia Constituinte em janeiro.
"Esses pontos sempre foram pedidos pelo povo oprimido, e hoje seu triunfo dá luz verde para refundar o país que queremos", disse o Conaie em nota.

Mercosul
Em um encontro de prefeitos do Mercosul na Argentina, o presidente Néstor Kirchner afirmou que as vitórias de Correa no Equador e de Luiz Inácio Lula da Silva no Brasil são a confirmação de que a América Latina "caminha para frente".
Kirchner deu apoio ainda a uma eventual adesão do Equador ao bloco sul-americano, desejo expressado na véspera pelo presidente eleito equatoriano. "Ouvimos Correa dizer que espera que o Equador ingresse no Mercosul, e eu espero que o Equador esteja no bloco."
A Chávez, Kirchner desejou "a melhor das sortes" nas eleição presidencial de domingo.


Com agências internacionais

Colaborou BRUNO LIMA, de Buenos Aires


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