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Equador irá refinar petróleo na Venezuela, afirma Correa
Quinto maior produtor na América Latina, país precisa importar derivados; presidente eleito diz que "nem Bush, nem Chávez" terão influência no país
DA REDAÇÃO
O presidente eleito do Equador, Rafael Correa, disse que a
partir de seu primeiro dia de
mandato passará a refinar o petróleo que o país produz na Venezuela. Quinto maior produtor da América Latina, com 530
mil barris de petróleo por dia, o
Equador não é auto-suficiente
na refinação, tendo de importar seus derivados. A nova estratégia poria fim à figura do intermediário.
"No dia 16 de janeiro mandamos petróleo para refinar na
Venezuela. Já chega de jogar dinheiro pela janela exportando
petróleo para importar derivados", disse Correa ao jornal
equatoriano "El Comercio".
"Não podemos permitir que,
de cada cinco barris, quatro sejam levados e nos deixem um.
E, com os excedentes do petróleo, começaremos a investir em
refinarias, transporte, armazenamento e geração hidroelétrica", acrescentou.
"Agora acabou a intermediação do petróleo. A Petroecuador [estatal] é a única empresa
de produção de petróleo, que
eu conheça, que não vende ao
consumidor final, que é a refinaria, mas ao intermediário. Isso impede que se faça o óbvio,
que é refinar em países amigos
como a Venezuela."
O presidente voltou a defender ainda uma revisão nos contratos com as petrolíferas, avaliando que a reforma feita pelo
presidente Alfredo Palacio, que
prevê que as empresas repassem 50% da renda petrolífera
ao Estado, não é suficiente. "Na
questão do volume [de produção] não se tocou", disse.
Questionado sobre uma
eventual oposição das empresas, respondeu: "Por que ficariam nervosas? Têm um negócio de US$ 1 bilhão e muitos
motivos para estar contentes".
A Petrobras entrou no Equador em 2002 e hoje é a terceira
maior produtora de petróleo do
país, atrás da Petroecuador e da
espanhola Repsol.
Apesar da proximidade com
a Venezuela, Correa voltou a dizer que será independente do
presidente Hugo Chávez.
"Com gente de mãos limpas,
de mentes lúcidas e de corações
patriotas, como Hugo Chávez e
outros mandatários da região,
sempre haverá mais coisas que
nos una do que nos separe", disse ao diário espanhol "El Pais".
"Mas na minha casa não mandam meus amigos. Aqui não
vão mandar nem Bush, nem
Chávez, só os equatorianos."
Constituinte
O Partido Social Cristão, a
terceira força parlamentar no
Equador, defendeu ontem a
formação de uma frente de resistência contra a proposta do
presidente eleito de convocar
uma Assembléia Constituinte
em substituição ao Congresso
recém-eleito.
Já a Confederação de Nacionalidades Indígenas (Conaie)
condicionou seu apoio ao novo
governo à rejeição do Tratado
de Livre Comércio que vinha
sendo negociado com os EUA e
à convocação da Assembléia
Constituinte em janeiro.
"Esses pontos sempre foram
pedidos pelo povo oprimido, e
hoje seu triunfo dá luz verde
para refundar o país que queremos", disse o Conaie em nota.
Mercosul
Em um encontro de prefeitos
do Mercosul na Argentina, o
presidente Néstor Kirchner
afirmou que as vitórias de Correa no Equador e de Luiz Inácio
Lula da Silva no Brasil são a
confirmação de que a América
Latina "caminha para frente".
Kirchner deu apoio ainda a
uma eventual adesão do Equador ao bloco sul-americano, desejo expressado na véspera pelo presidente eleito equatoriano. "Ouvimos Correa dizer que
espera que o Equador ingresse
no Mercosul, e eu espero que o
Equador esteja no bloco."
A Chávez, Kirchner desejou
"a melhor das sortes" nas eleição presidencial de domingo.
Com agências internacionais
Colaborou BRUNO LIMA, de Buenos Aires
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