|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Correa pede "revolução" à Constituinte
Presidente do Equador alerta contra onda de violência caso Assembléia fracasse; cerimônia oficial de abertura será hoje
Congresso faz recesso, mas oposição rejeita dissolução; manifestantes fecham órgãos públicos em ato simbólico de apoio a Correa
DA REDAÇÃO
O Equador abriu ontem os
trabalhos da Assembléia Constituinte do país, na qual o governo tem ampla maioria, com
poucas manifestações da oposição, que decretou um recesso
temporário do Congresso. O
presidente equatoriano, Rafael
Correa, alertou que o país poderá ser palco de uma onda de
violência se os assembleístas
falharem em revolucionar o
sistema político local -uma
das prioridades da nova Constituição, a 20ª desde a independência, em 1830.
"Esta é uma oportunidade
histórica para a mudança", disse ele em um comunicado na
pública Tvequador, inaugurada
ontem. Em ato simbólico, integrantes de organizações sociais
locais fecharam escritórios de
órgãos públicos e instituições
da Justiça para sinalizar o
apoio aos plenos poderes da Assembléia.
"Queremos que todos vão
embora, já é hora", disse à agência Efe Pablo Proaño, do Movimento Bolivariano Alfarista.
Proaño afirmou também que
os movimentos querem colocar
o sinal de "fechado" no Congresso do Equador.
Correa e sua legenda, a Aliança País (AP), propõem que o
Congresso seja interrompido
durante o funcionamento da
Assembléia, mas a oposição,
que domina a Casa, resiste. A
Aliança País tem 80 das 130 vagas da Assembléia, mas nenhuma representatividade no Congresso, cuja eleição boicotou
em 2006.
Na quarta-feira, os legisladores aprovaram um recesso de
um mês, mas o presidente do
Parlamento, Jorge Cevallos,
disse ontem que após esse período os trabalhos retornarão
normalmente. "Se querem ser
ditadores, que digam: "Fechamos o Congresso'", afirmou ontem o vice-presidente da Casa,
Carlos Gonzáles.
Ontem, Correa e o vice-presidente, Lenin Moreno, entregaram uma carta colocando seus
cargos à disposição da Constituinte. O economista Alberto
Acosta, da AP, foi eleito presidente da Constituinte e afirmou que confirmará ambos em
suas funções. Acosta, Fernando
Cordero e Aminta Buenaño, os
três assembleístas mais votados, comporão a mesa diretora.
Apoio no escuro
A Assembléia tem amplo
apoio popular, tendo sido aprovada em referendo em abril
com quase 80% de votos favoráveis. Ainda assim, segundo
pesquisa do instituto Cedatos
divulgada anteontem pelo jornal local "Diario Hoy", 56% da
população não sabe quais são
os objetivos da Constituinte.
Outra pesquisa do mesmo
grupo, publicada ontem, aponta que 62% dos equatorianos
também não entendem o que
significa dizer que a Assembléia tem "amplos poderes".
Correa, que é o oitavo líder
em uma década de instabilidade no Equador, quer que a nova
Constituição diminua o poder
dos partidos políticos e recrie
um Estado "solidário", afastado
dos ideais liberais que baseiam
a atual Carta, de 1998.
Com a presença de cerca de
3.000 simpatizantes na cidade
de Montecristi (sudoeste), a
abertura da Assembléia ontem
só teve um problema: falhas no
equipamento de som, que pararam o ato várias vezes.
A Assembléia funcionará por
seis meses e poderá ser prorrogada por mais 60 dias. A nova
Carta só será efetivada após
aprovação em referendo.
Hoje deve ocorrer a cerimônia protocolar de abertura da
Casa, para a qual são esperadas
as presenças dos presidentes da
Colômbia, Álvaro Uribe, e da
Venezuela, Hugo Chávez.
Com agências internacionais
Texto Anterior: UE pede respeito à legalidade Próximo Texto: Entrevista: País precisa de novo modelo de democracia Índice
|