São Paulo, sexta-feira, 30 de novembro de 2007

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Correa pede "revolução" à Constituinte

Presidente do Equador alerta contra onda de violência caso Assembléia fracasse; cerimônia oficial de abertura será hoje

Congresso faz recesso, mas oposição rejeita dissolução; manifestantes fecham órgãos públicos em ato simbólico de apoio a Correa

DA REDAÇÃO

O Equador abriu ontem os trabalhos da Assembléia Constituinte do país, na qual o governo tem ampla maioria, com poucas manifestações da oposição, que decretou um recesso temporário do Congresso. O presidente equatoriano, Rafael Correa, alertou que o país poderá ser palco de uma onda de violência se os assembleístas falharem em revolucionar o sistema político local -uma das prioridades da nova Constituição, a 20ª desde a independência, em 1830.
"Esta é uma oportunidade histórica para a mudança", disse ele em um comunicado na pública Tvequador, inaugurada ontem. Em ato simbólico, integrantes de organizações sociais locais fecharam escritórios de órgãos públicos e instituições da Justiça para sinalizar o apoio aos plenos poderes da Assembléia.
"Queremos que todos vão embora, já é hora", disse à agência Efe Pablo Proaño, do Movimento Bolivariano Alfarista. Proaño afirmou também que os movimentos querem colocar o sinal de "fechado" no Congresso do Equador.
Correa e sua legenda, a Aliança País (AP), propõem que o Congresso seja interrompido durante o funcionamento da Assembléia, mas a oposição, que domina a Casa, resiste. A Aliança País tem 80 das 130 vagas da Assembléia, mas nenhuma representatividade no Congresso, cuja eleição boicotou em 2006.
Na quarta-feira, os legisladores aprovaram um recesso de um mês, mas o presidente do Parlamento, Jorge Cevallos, disse ontem que após esse período os trabalhos retornarão normalmente. "Se querem ser ditadores, que digam: "Fechamos o Congresso'", afirmou ontem o vice-presidente da Casa, Carlos Gonzáles.
Ontem, Correa e o vice-presidente, Lenin Moreno, entregaram uma carta colocando seus cargos à disposição da Constituinte. O economista Alberto Acosta, da AP, foi eleito presidente da Constituinte e afirmou que confirmará ambos em suas funções. Acosta, Fernando Cordero e Aminta Buenaño, os três assembleístas mais votados, comporão a mesa diretora.

Apoio no escuro
A Assembléia tem amplo apoio popular, tendo sido aprovada em referendo em abril com quase 80% de votos favoráveis. Ainda assim, segundo pesquisa do instituto Cedatos divulgada anteontem pelo jornal local "Diario Hoy", 56% da população não sabe quais são os objetivos da Constituinte.
Outra pesquisa do mesmo grupo, publicada ontem, aponta que 62% dos equatorianos também não entendem o que significa dizer que a Assembléia tem "amplos poderes".
Correa, que é o oitavo líder em uma década de instabilidade no Equador, quer que a nova Constituição diminua o poder dos partidos políticos e recrie um Estado "solidário", afastado dos ideais liberais que baseiam a atual Carta, de 1998.
Com a presença de cerca de 3.000 simpatizantes na cidade de Montecristi (sudoeste), a abertura da Assembléia ontem só teve um problema: falhas no equipamento de som, que pararam o ato várias vezes.
A Assembléia funcionará por seis meses e poderá ser prorrogada por mais 60 dias. A nova Carta só será efetivada após aprovação em referendo.
Hoje deve ocorrer a cerimônia protocolar de abertura da Casa, para a qual são esperadas as presenças dos presidentes da Colômbia, Álvaro Uribe, e da Venezuela, Hugo Chávez.


Com agências internacionais


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