São Paulo, sexta-feira, 30 de novembro de 2007

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Senadores colombianos querem ajuda de Lula

Eles dizem que brasileiro, assim como o equatoriano Rafael Correa, poderia mediar conflito com Venezuela

DA REDAÇÃO

Apesar de o governo da Colômbia ter afirmado que não recorrerá a nenhum país para intermediar o seu conflito com a Venezuela, dois senadores colombianos propuseram a intervenção dos presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e do Equador, Rafael Correa.
Os dois congressistas colombianos fazem parte da Comissão Assessora de Relações Exteriores, convocada para o próximo dia 5 pelo presidente Álvaro Uribe para tratar da crise diplomática com o país vizinho.
A contenda começou após Uribe suspender a mediação do colega venezuelano, Hugo Chávez, na negociação entre o governo colombiano e as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) pela liberação de reféns em troca de guerrilheiros. O conflito teve seu ápice na quarta, quando Chávez afirmou que "não terá nenhuma relação" com o governo colombiano enquanto este estiver sob o comando de Uribe.
Um dia antes, Caracas já havia convocado seu embaixador em Bogotá para consultas.
O governo colombiano diz não ter conhecimento de nenhuma decisão oficial da Venezuela. Tampouco o país pretende recorrer à mediação de outros países para solucionar a crise. "Não consideramos, em nenhum momento, nenhuma intervenção, em nível internacional, de nenhuma figura, de nenhum outro país", disse o chanceler Fernando Araújo.
Dois senadores colombianos, porém, propuseram que os presidentes do Brasil e do Equador atuem no conflito. O oposicionista Juan Manuel Galán disse ao jornal "El Universal" que Lula poderia contribuir, já que a diplomacia brasileira "é uma das mais respeitáveis da América Latina e do mundo".
O senador governista Jairo Clopatofsky, por sua vez, pede a intervenção de Correa, amigo de Chávez e Uribe.
O governo Correa, aliás, torce para que a inauguração da Assembléia Constituinte em seu país ajude os presidentes a se entender. Os dois são esperados para o evento hoje. O governo colombiano confirmou a presença de Uribe, mas Caracas não disse se Chávez irá.
Por enquanto, Bogotá diz adotar posição "prudente e discreta". Para o ex-chanceler colombiano Rodrigo Pardo, não se deve interpretar "tão literalmente Chávez nesses dias que antecedem o referendo [na Venezuela]". Já o chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, disse que as relações serão submetidas a profunda análise e que só Chávez definirá os seus rumos.
A crise ocorre semanas após o melhor momento entre os presidentes. Em outubro, eles inauguraram um gasoduto binacional, e Uribe pediu a Chávez a adesão ao Banco do Sul.
Dados do governo colombiano mostram que as vendas ao vizinho -seu segundo parceiro comercial- cresceram 76,8% de janeiro a agosto. A balança comercial é favorável à Colômbia, que se beneficia da explosão do consumo na Venezuela, cuja economia cresceu 10% em 2006 graças à alta do petróleo.


Com agências internacionais


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