São Paulo, quarta, 30 de dezembro de 1998

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SEQUESTRO
Quatro ocidentais morrem em operação da polícia para libertar 16 reféns de cativeiro; mortes são as primeiras
Turistas são mortos em resgate no Iêmen

PAULO DANIEL FARAH
da Redação

Três turistas britânicos e um australiano -dois homens e duas mulheres- foram mortos quando forças de segurança do Iêmen invadiram o local onde eram mantidos, desde anteontem, 16 reféns ocidentais. Os outros 12 foram libertados. Uma norte-americana e um britânico ficaram feridos.
Desde 1993, mais de 150 estrangeiros foram sequestrados no país, mas essa é a primeira vez que reféns são mortos. Na maioria das vezes, os próprios sequestradores libertaram os reféns, mediante o pagamento de resgate ou a aceitação de alguma reivindicação. O governo nega que realize negociações com sequestradores.
O sequestro de turistas é uma prática comum por parte das tribos, que exigem do governo dinheiro, armas, libertação de prisioneiros e melhoras na infra-estrutura de suas regiões. Há, ainda, tribos que se opõem à presença das mais de 30 empresas de petróleo estrangeiras no país.
"A operação começou após os sequestradores começarem a matar reféns. Eles mataram dois, nossas forças invadiram o local para impedir o agravamento da situação", disse um porta-voz do governo. Três sequestradores foram mortos e três, feridos. Eles estão presos.
Victor Henderson, embaixador do Reino Unido, reuniu-se com o ministro do Interior iemenita e disse que estava tentando "estabelecer os fatos" e localizar os parentes das vítimas.
O jornalista iemenita Hossein Munibari disse à Folha, por telefone, que o país esperava "uma redução no número de sequestros. Em agosto, 1.500 membros de tribos participaram de uma conferência de três dias em Sanaa (capital) e condenaram o uso do sequestro como forma de exigir melhoras na infra-estrutura de suas áreas. Eles pediram que apenas meios pacíficos fossem usados no futuro".
Em julho deste ano, o governo decidiu adotar a pena de morte para os sequestradores de turistas.
A companhia de turismo britânica Explore Worldwide, que organizou a viagem, afirmou que nunca havia tido problemas no Iêmen e que cancelou excursões programadas para fevereiro.
Sue Ockwell, porta-voz da empresa, disse que eles "seguiram à risca" as recomendações do Ministério das Relações Exteriores britânico, o que inclui o registro na embaixada e a contratação de guias locais conhecidos.
Segundo Ockwell, a empresa "tem enviado pessoas ao Iêmen há 12 anos, e todos os estrangeiros que estiveram lá dizem que o povo é hospitaleiro, acolhedor, agradável e generoso".
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Com agências internacionais



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