São Paulo, quinta-feira, 31 de março de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

ANÁLISE

Permanência de ditador sírio interessa a Israel e palestinos

CRISPIAN BALMER
DA REUTERS, EM JERUSALÉM

O destino do ditador sírio, Bashar Assad, é um dos raros temas sobre os quais israelenses e palestinos em geral concordam. Os dois grupos desejam que ele sobreviva.
Não há afeto algum entre Israel e Damasco, e muitos palestinos encaram Assad com desconfiança, ainda mais depois que seu governo tentou atribuir a eles a responsabilidade pelas inquietações que tomam a Síria.
Mas o líder sírio é um parceiro previsível, e sua derrubada conduziria a um período de prolongada incerteza.
Israel se viu forçado a revisar suas opções de segurança praticamente a cada semana neste ano. Viu a queda de seu aliado de mais confiança no Oriente Médio, o ditador egípcio Hosni Mubarak.
Ao contrário do Egito, a Síria jamais assinou um acordo de paz com Israel depois da guerra de 1973, mas vem respeitando escrupulosamente o acordo de cessar-fogo, o que criou uma situação de segurança que satisfez os dois lados ao longo das décadas.
Menos agradável para Israel é o apoio da Síria a dois dos mais ativos inimigos do país, o Hizbollah, no Líbano, e o movimento islâmico palestino Hamas. Alguns analistas sugerem que uma mudança de governo em Damasco poderia beneficiar o Estado judaico no futuro.
Mas outros argumentam que os protestos poderiam levar a uma tomada do poder por grupos muçulmanos sunitas extremistas, tornando Damasco muito mais radical.
Palestinos da faixa de Gaza, governada pelo Hamas, e da Cisjordânia, administrada por um governo pró-ocidental, acompanham a situação.
A Síria serviu como incubadora para diversos grupos radicais palestinos. As lideranças políticas do Hamas e da Jihad Islâmica estão instaladas em Damasco -e quase certamente teriam de procurar um novo lar caso Assad seja substituído por um governo pró-ocidental ávido por se distanciar do Irã xiita.
Esse seria o melhor cenário para Israel, que teme as ambições nucleares do Irã e deseja promover o completo isolamento de Teerã.


Texto Anterior: Ditador da Síria desafia manifestantes
Próximo Texto: Foco: Gaddafi indica diplomata da aliada Nicarágua para representar país na ONU
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.