São Paulo, terça, 31 de março de 1998

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COMUNIDADE RACIAL
Ex-soldado alemão, líder do grupo, é procurado sob acusação de abuso sexual de 20 meninos
Polícia ocupa colônia alemã no Chile

OTÁVIO DIAS
da Reportagem Local

A polícia chilena montou ontem uma operação especial para tentar prender o imigrante alemão Paul Schaefer, fundador e líder da Colonia Dignidad, acusado de abusar sexualmente de menores integrantes da comunidade, situada cerca de 320 km ao sul de Santiago, a capital do país.
De acordo com a agência "Reuters", pelos menos 80 policiais, alguns montados a cavalo, outros utilizando carros tipo "jipe", vasculhavam, com a ajuda de um helicóptero, a propriedade rural de cerca de 16 mil hectares, localizada numa região montanhosa próxima à Cordilheira dos Andes e coberta de vegetação.
Há uma semana, cerca de 60 policiais fortemente armados bloquearam as vias de acesso à colônia, que parece uma fortaleza cercada de muros e arame farpado.
Desde a última terça-feira, a Vila Bavária, que reúne as principais construções da colônia, todas no estilo arquitetônico típico do sul da Alemanha, está ocupada pela polícia, cuja presença foi autorizada por um período de 30 dias pelo juiz da cidade vizinha de Parral.
Schaefer, que foi cabo do Exército alemão durante a Segunda Guerra Mundial e deve ter hoje 77 anos, está foragido desde agosto de 96, quando uma ordem de prisão contra ele foi emitida sob acusação de abuso sexual de 20 garotos menores de idade.
De acordo com a polícia, ele deve estar na fazenda, habitada por cerca de 340 colonos, em sua maioria descendentes de alemães. A polícia mostrou imagens de túneis subterrâneos que poderiam facilitar uma fuga.
Mas, segundo os membros da comunidade, o líder não é visto no local há pelo menos 18 meses. "Ele não está aqui. A operação policial e a ocupação da propriedade infringem nossos direitos", afirmou o porta-voz Hernán Escobar.
Desde a ocupação, têm crescido os incidentes entre os policiais, que controlam o movimento de carros e exigem a apresentação de documentos pelas pessoas, e os membros da comunidade, que tentam dificultar o deslocamento da polícia pelas estradas internas.


Com agências internacionais



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