São Paulo, sábado, 31 de maio de 2008

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Espanha rejeita a proposta francesa sobre a imigração

Madri vê xenofobia no "contrato de integração" com trabalhadores estrangeiros

Sarkozy assume em julho a chefia da UE e pede política comum para selecionar os mais aptos; xenofobia cresce em países como Itália


DA REDAÇÃO

A Espanha se opõe a um dos dispositivos do projeto francês de uniformizar as políticas de controle da imigração nos 27 países da União Européia. Trata-se do "contrato de integração", pelo qual o imigrante assume o compromisso de aprender a língua do país que o recebe e de absorver seus valores nacionais e europeus.
A França assume em julho, por um semestre, a presidência rotativa da UE, e o presidente Nicolas Sarkozy tornou um ponto de honra as normas comuns sobre a imigração, que precisam ter aprovação unânime. O assunto estará na pauta na reunião dos ministros do Interior, em 7 de julho, e também na cúpula de outubro.
A número dois do governo espanhol, Maria Teresa Fernández de la Vega, disse discordar do "contrato" por julgá-lo desnecessário. Anteontem, o ministro espanhol do Interior, Alfredo Rubalcaba, qualificara a proposta de "xenófoba".
A questão está em saber se o imigrante deve perder sua identidade cultural de origem para simular uma integração ao país que o acolhe. A França, ao citar "valores nacionais e europeus", refere-se mais trivialmente a fatos como a igualdade entre homens e mulheres.
Mas a idéia de "contrato" individual com os imigrantes estava na plataforma eleitoral do PP (oposição espanhola de direita), cujo candidato à chefia do governo, Mariano Rajoy, foi derrotado em 9 de março pelos socialistas do premiê José Luis Rodríguez Zapatero.
O projeto de Sarkozy, em cinco páginas, prevê cinco medidas básicas: controle mais rígido das fronteiras, seleção dos imigrantes para só permitir a entrada dos mais qualificados, agilização das expulsões e uma política de asilo e ajuda a países fornecedores de mão-de-obra.

Itália de Berlusconi
Essas medidas seriam tímidas para os padrões que estão sendo implantados na Itália, depois que Silvio Berlusconi voltou no final de abril à chefia do governo. Um acréscimo ao Código Penal considera "agravante" o fato de um criminoso ser imigrante clandestino.
Ainda anteontem o dispositivo foi aplicado pela primeira vez em Milão contra um chileno de 18 anos, processado por agressão; um marroquino, de 27, traficante; um ucraniano, de 32, e um moldávio, de 25, ambos por furto de televisores.
Berlusconi também está em guerra contra os ciganos. Há 152 mil deles na Itália, dos quais 63% são estrangeiros, em geral da Romênia, que também faz parte do bloco europeu. Dentro da UE há dispositivos comuns que permitem a expulsão de um imigrante de outro país do bloco, caso ele não tenha emprego.
Mas ONGs que atuam na Itália acreditam que o governo está usando os ciganos como bodes expiatórios de uma política mais agressiva que viria em seguida contra os estrangeiros. Por enquanto, a polícia e as prefeituras se limitam a recensear os moradores dos acampamentos desse povo nômade e que mora em traileres.


Com agências internacionais


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