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Espanha rejeita a proposta francesa sobre a imigração
Madri vê xenofobia no "contrato de integração" com trabalhadores estrangeiros
Sarkozy assume em julho a
chefia da UE e pede política comum para selecionar
os mais aptos; xenofobia cresce em países como Itália
DA REDAÇÃO
A Espanha se opõe a um dos
dispositivos do projeto francês
de uniformizar as políticas de
controle da imigração nos 27
países da União Européia. Trata-se do "contrato de integração", pelo qual o imigrante assume o compromisso de aprender a língua do país que o recebe e de absorver seus valores
nacionais e europeus.
A França assume em julho,
por um semestre, a presidência
rotativa da UE, e o presidente
Nicolas Sarkozy tornou um
ponto de honra as normas comuns sobre a imigração, que
precisam ter aprovação unânime. O assunto estará na pauta
na reunião dos ministros do Interior, em 7 de julho, e também
na cúpula de outubro.
A número dois do governo
espanhol, Maria Teresa Fernández de la Vega, disse discordar do "contrato" por julgá-lo
desnecessário. Anteontem, o
ministro espanhol do Interior,
Alfredo Rubalcaba, qualificara
a proposta de "xenófoba".
A questão está em saber se o
imigrante deve perder sua
identidade cultural de origem
para simular uma integração ao
país que o acolhe. A França, ao
citar "valores nacionais e europeus", refere-se mais trivialmente a fatos como a igualdade
entre homens e mulheres.
Mas a idéia de "contrato" individual com os imigrantes estava na plataforma eleitoral do
PP (oposição espanhola de direita), cujo candidato à chefia
do governo, Mariano Rajoy, foi
derrotado em 9 de março pelos
socialistas do premiê José Luis
Rodríguez Zapatero.
O projeto de Sarkozy, em cinco páginas, prevê cinco medidas básicas: controle mais rígido das fronteiras, seleção dos
imigrantes para só permitir a
entrada dos mais qualificados,
agilização das expulsões e uma
política de asilo e ajuda a países
fornecedores de mão-de-obra.
Itália de Berlusconi
Essas medidas seriam tímidas para os padrões que estão
sendo implantados na Itália,
depois que Silvio Berlusconi
voltou no final de abril à chefia
do governo. Um acréscimo ao
Código Penal considera "agravante" o fato de um criminoso
ser imigrante clandestino.
Ainda anteontem o dispositivo foi aplicado pela primeira
vez em Milão contra um chileno de 18 anos, processado por
agressão; um marroquino, de
27, traficante; um ucraniano,
de 32, e um moldávio, de 25,
ambos por furto de televisores.
Berlusconi também está em
guerra contra os ciganos. Há
152 mil deles na Itália, dos
quais 63% são estrangeiros, em
geral da Romênia, que também
faz parte do bloco europeu.
Dentro da UE há dispositivos
comuns que permitem a expulsão de um imigrante de outro
país do bloco, caso ele não tenha emprego.
Mas ONGs que atuam na Itália acreditam que o governo está usando os ciganos como bodes expiatórios de uma política
mais agressiva que viria em seguida contra os estrangeiros.
Por enquanto, a polícia e as prefeituras se limitam a recensear
os moradores dos acampamentos desse povo nômade e que
mora em traileres.
Com agências internacionais
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