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Mary Robinson critica EUA e diz que gostaria de seguir em cargo da ONU
DA REDAÇÃO
A comissária de direitos humanos da ONU, Mary Robinson, 57,
disse que estava disposta a continuar no comissariado, mas as
pressões dos EUA para sua saída
eram demasiadas. Ela passará seu
cargo em setembro para o brasileiro Sérgio Vieira de Mello, 54.
Segundo ela, as coisas mudaram
desde que disse ao secretário-geral da ONU, Kofi Annan, no início
de 2001, que gostaria de ficar apenas até 2002.
"As coisas ficaram muito mais
difíceis para os direitos humanos.
E eu não sou dessas pessoas que
simplesmente dão as costas e fogem dos problemas", afirmou.
"Se eu tivesse insistido, poderia
ter ficado. Mas parece que houve
uma grande resistência por parte
de um país", acrescentou.
Annan chegou a dizer, em conversas particulares, que se ressentia da indecisão de Robinson, ora
querendo sair, ora querendo ficar
no comissariado. A escolha do comissário para os direitos humanos é de responsabilidade dos secretário-geral da ONU. Apesar
disso, a influência das potências
mundiais é enorme.
A segunda pessoa a ocupar o
cargo -criado em 1994-, a irlandesa Robinson fez duras críticas à Rússia, por causa das ações
na Tchetchênia, e desagradou à
China, por causa de comentários
sobre a situação do Tibete.
O pior atrito da comissária, porém, foi com Washington, por
criticar o modo como os prisioneiros feitos no Afeganistão estavam sendo tratados na base americana de Guantánamo, em Cuba.
Ela também questionou o uso
de tribunais militares para julgar
esses prisioneiros.
"Eu entendo que os EUA estejam traumatizados pelos ataques
de 11 de setembro e que tenham se colocado numa situação de guerra. Por esse motivo mesmo eles não colocaram tanta ênfase nos direitos humanos. Porém, era
meu trabalho dizer que os padrões de direitos humanos teriam de ser aplicados mesmo em uma hora como essa", afirmou.
Por ter sido presidente da Irlanda, Robinson crê ter podido fortalecer o cargo nos cinco anos em que esteve à frente do alto comissariado. Quanto ao brasileiro, ela disse que Vieira de Mello, um funcionário de carreira das Nações
Unidas, agregará outros talentos.
"Ele trará habilidades que eu não tenho, contatos dentro do sistema da ONU. E ele terá a vantagem que eu não tive, a de assumir um comissariado mais forte", disse. O mandato do comissário é de quatro anos, renovável uma vez.
Com agências internacionais
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