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Ex-premiê do Paquistão marca dia da volta
Ditador do país diz que haverá eleição em menos de dois meses, mas não revela quando deixará farda
DA REDAÇÃO
O ex-primeiro-ministro do
Paquistão Nawaz Sharif, que vive no exílio desde 2000, anunciou ontem que voltará ao país
no dia 15 de setembro, "para
iniciar a jornada contra o ditador" Pervez Musharraf. Sharif
lidera o terceiro maior partido
do país, o PML-N, oriundo da
Liga Muçulmana. A volta do ex-premiê pode dividir a facção
principal da Liga (PML-Q), que
controla 200 das 342 cadeiras
parlamentares e hoje apóia o
general Musharraf.
A oposição do PML-Q gerou
um impasse nas negociações
entre Musharraf e a ex-premiê
Benazir Bhutto, que também
vive no exílio. Após reunião
com políticos do PML-Q contrários ao acordo com Musharraf anunciado na véspera por
Benazir, o líder do partido negou ontem que haja uma aliança. "O que há são diálogos com
vários partidos, inclusive o PPP
[de Benazir]", disse.
Musharraf ecoou a negativa
do consenso. O general não revelou quando pretende deixar o
Exército -condição legal para
que seja reconduzido ao cargo
de presidente pelo Parlamento- e tampouco garantiu a retirada da cláusula constitucional
que proíbe a eleição de ex-premiês.
A ausência de Sharif e Bhutto
-que, depostos por golpes, não
chegaram a completar seus
mandatos- seria uma reviravolta no panorama eleitoral.
Mas a manutenção do dispositivo, que pode ser derrubado
pela Suprema Corte, não dependerá só da escolha do general, cuja aprovação é de apenas
25%, segundo pesquisa da principal TV paquistanesa.
Políticos do PML-Q chamaram de "oportunista" o empenho do principal articulador
político de Musharraf, o ministro Rashid Ahmed -que coordenou campos de treinamento
de guerrilheiros islâmicos nos
anos 80- em articular uma
aliança com o laico PPP.
Perguntado como um governo que se referia a Bhutto como
"um risco para a segurança nacional" negocia hoje um acordo, o ministro disse que as negociações estavam sendo feitas
sob doutrina da necessidade.
Após ter criticado a aproximação de Bhutto e do governo,
Sharif adotou ontem um tom
mais diplomático. Disse que,
apesar das divergências, tem
boas relações com a líder do
PPP e concentrou suas críticas
em Musharraf. Segundo Sharif,
é preciso remover os dispositivos constitucionais pós-golpe,
que desequilibraram a relação
entre os três Poderes.
Ele evitou comentar o tempo
em que se denominava "líder
dos fiéis" e quando, no governo,
aumentou os próprios poderes.
Também relembrou suas "boas
relações" com o Ocidente
-que, no seu governo, impôs
sanções ao Paquistão por desenvolver armas nucleares.
Eleição prometida
Musharraf pronunciou-se
ontem sobre a mais bizarra das
incertezas políticas do país -a
ausência de calendário eleitoral às vésperas do limite legal
para o pleito legislativo, já que o
mandato do atual Parlamento
termina em outubro. "As eleições gerais e presidenciais serão realizadas normalmente,
entre 15 de setembro e 15 de outubro", afirmou. O general não
disse, porém, se o próximo presidente será escolhido pelo
atual Congresso, onde tem
maioria, ou pelo próximo.
Com "Financial Times" e agências internacionais
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