São Paulo, Domingo, 31 de Outubro de 1999
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HISTÓRIA
Entenda como terminou o Império Britânico

especial para a Folha

Ele já foi o império onde o sol nunca se punha. Dentro dele podia-se ouvir o suahili, o chinês, o creole, o árabe, o francês e mais de uma centena de outras línguas, além, claro, do inglês.
O Império Britânico começou a ser construído no século 17 como uma necessidade de expansão de mercados de uma nação comerciante. Consolidou-se no século 19 para garantir as rotas para a "jóia da coroa", a Índia.
Olhando o mapa (veja quadro acima) pode-se imaginar a lógica da colonização: dominar ilhas que abasteceriam os navios em suas rotas periplanetárias e consolidar a administração colonial nos fornecedores de matérias-primas.
O Canadá, a Nova Zelândia e a Austrália, que agora pensa em república, são casos particulares. Com uma colonização européia de assentamento, criaram sociedades que se separaram sem guerras com a metrópole.
Em 1867, o Parlamento britânico aprova o Ato da América do Norte. Antes de perder o Canadá como perdera os EUA em 1776, passa o abacaxi da convivência de canadenses que falavam inglês com canadenses que falavam francês para ser resolvido entre os próprios.
A Austrália foi inicialmente colonizada por degredados. A prisão ou a Austrália? A Austrália. Em 1900, a metrópole aprova o Ato da Austrália, dando aos colonos um Parlamento e soberania interna. Até 1931, um governador-geral indicado por Londres foi responsável pela política externa e pela defesa.
Gozando de real independência, esses países adotaram o rei (ou rainha) como chefe de Estado, elegendo o chefe de governo.
A África do Sul conseguiu sua independência no começo do século 20, depois de uma guerra em que os descendentes de holandeses (bôeres) enfrentaram um poderio militar superior.
O século 20 marca mesmo o fim do poder imperial de Londres. Um forte movimento de independência eclode na Índia, tornando impossível a manutenção da administração.
A partir de 1947, a região vai tomando rumo próprio: Índia e Paquistão, Birmânia (hoje Myanmá), Malásia e Brunei.
A África, fatiada entre os europeus na Conferência de Berlim (1884-85), vê seus movimentos nacionalistas ganharem o poder nas décadas de 1950 e 1960.
No fim das contas, um império como nunca se viu desabou com o próprio peso. Grande demais para para o mundo moderno, arcaico na concepção.
(RODRIGO UCHÔA)


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