São Paulo, sexta-feira, 31 de dezembro de 2004

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ORIENTE MÉDIO

Com indicação do ex-premiê trabalhista, coalizão está consolidada em Israel; nove palestinos são mortos

Shimon Peres será adjunto de Ariel Sharon

DA REDAÇÃO

O primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, chegou a um acordo com Shimon Peres para que o líder trabalhista assumisse o posto de premiê-adjunto, consolidando a entrada do Partido Trabalhista na coalizão de governo.
Havia um impasse sobre qual seria o cargo de Peres no governo. Obstáculos legais impediam que ele se tornasse vice-premiê sem que Ehud Olmert, um dos principais aliados de Sharon no Likud, deixasse o posto.
Como premiê-adjunto, Peres se torna a segunda pessoa com mais poder na coalizão -apesar de, na prática, Sharon conservar quase todas as decisões nas suas mãos. Já Olmert permanece como o substituto do premiê em caso de morte ou em todas as vezes que for necessário.
Os trabalhistas são fundamentais para que Sharon consiga manter o seu governo, que ficou minoritário após a saída de dois partidos: o Partido Nacional Religioso, que se opõe ao plano de saída de Gaza, e o Shinui, contrário à influência religiosa no governo.
Com os trabalhistas na coalizão, Sharon terá força suficiente para levar adiante o seu plano de retirada dos assentamentos da faixa de Gaza, que hoje é o principal pilar de sua administração.
O objetivo da retirada, que já foi aprovada no Knesset (Parlamento), é reduzir o atrito com os palestinos na região. Ao todo, cerca de 8.000 colonos vivem em colônias na faixa de Gaza, em meio a 1,3 milhão de palestinos.
Além dos assentamentos em Gaza, outras quatro colônias isoladas na Cisjordânia, de um total de 120, serão desmanteladas.
Os palestinos temem que o plano de Sharon tenha como objetivo, ao sair de Gaza, solidificar a presença israelense na Cisjordânia, outro território ocupado na Guerra dos Seis Dias (1967).
Ao longo das negociações para a definição do posto de Peres, membros do Partido Trabalhista chegaram a afirmar que Sharon não estava se esforçando para encontrar um lugar para o ex-premiê e Nobel da Paz em 1994.

Campanha e violência
Em campanha no campo de refugiados de Jenin, na Cisjordânia, o candidato do Fatah e líder da OLP (Organização para a Libertação da Palestina), Mahmoud Abbas, foi carregado nos ombros por um dos mais conhecidos militantes palestinos, Zakaria Zubeidi, líder local do grupo terrorista Brigadas dos Mártires de Al Aqsa.
Em seguida, Zubeidi e seus seguidores fizeram disparos para o ar e entoaram gritos de apoio a Abbas, considerado um moderado mas que na campanha tem buscado o apoio de facções mais radicais, como as Brigadas de Al Aqsa, que possui ligações com alas do Fatah.
Em Gaza, forças israelenses mataram sete militantes e dois adolescentes ontem em operação que, segundo o Exército, tinha como objetivo encerrar os ataques de mísseis e de obuses contra assentamentos judaicos e cidades israelenses na região.
Testemunhas afirmam que os militantes foram mortos em ataque de mísseis. Já os adolescentes foram mortos a tiros enquanto assistiam aos confrontos nas ruas.
Autoridades palestinas condenaram o ataque israelense e acrescentaram que operações desse tipo servem apenas para sabotar a preparação para a eleição presidencial de 9 de janeiro.
"Nós pedimos à comunidade internacional que intervenha imediatamente para permitir que possamos ter uma eleição livre e justa", disse Saeb Erekat, o principal negociador palestino.
Horas mais tarde, militantes palestinos explodiram uma bomba perto de um posto militar israelense na faixa de Gaza. Não há informação de vítimas.


Com agências internacionais


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