São Paulo, domingo, 02 de fevereiro de 2003 |
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RESÍDUOS/MATÉRIAS-PRIMAS Companhias que reutilizam ou vendem sobras de produção economizam até 50% dos insumos Reciclar também é bom para o bolso
FREE-LANCE PARA A FOLHA Se você pensa que o trabalho acaba quando a mercadoria está vendida, o produto fabricado ou o serviço prestado, muito se engana. O "lixo" gerado por todo tipo de atividade econômica também pode ser incluído na cadeia de geração de lucros. Aliás, chamar de "lixo" ou de bem "imprestável" tudo o que não tem uso na companhia é um grande erro. Principalmente para as indústrias, que costumam produzir resíduos em grande escala, as sobras de produção devem ser encaradas como parte do negócio. "Existe uma pequena fortuna a ser gerada nesse campo. A maioria das indústrias aproveita menos de 10% do potencial dos subprodutos que gera", alerta a consultora do Idort Rosângela Ferreira. Segundo ela, quem souber catalogar e negociar esses restos operacionais pode ter "receita maior do que a imaginada". Prova disso é a movimentação na bolsa de resíduos da Fiesp (Federação das Indústrias de SP, www2.ciesp.org.br/bolsa). Em funcionamento desde abril do ano passado, a bolsa, que é livre e não cobra taxas, tem 457 empresas cadastradas para comprar e vender diversos tipos de material que antes iam diretamente para o lixo. O programa já movimentou cerca de R$ 10 milhões até agora. Não só uma indústria mas também um escritório pode se beneficiar desse tipo de racionalização. Na TXT Marketing & Comunicação, o diretor Wagner Venneri lançou um programa de qualidade total no ano passado e descobriu que gastava 150 mil folhas de sulfite por ano, a um custo de R$ 0,04 por folha impressa a laser e R$ 0,03 nas que passavam pela impressora a jato de tinta. Reciclando o papel e incentivando o uso do verso das páginas para rascunhos, ele diminuiu em 50% os gastos com papelaria. Lenha de sabugo Setores tão distintos quanto agricultura e perfumaria também têm experiências positivas para contar sobre venda ou reciclagem de resíduos e sobre racionalização do uso de matérias-primas. A Syngenta Seeds, empresa dedicada à produção de sementes, implantou em 1996 um novo sistema que poupou gastos de US$ 150 mil anuais com lenha. A companhia precisava da matéria-prima para secar grãos de milho antes da comercialização. Depois de elaborar um novo modelo de fornalha, passou a queimar os próprios sabugos da planta para secar as sementes. O resultado, diz o gerente de produção, Luiz Sartor, é que tudo o que entra na empresa passou a ser aproveitado: "Antes havia muito desperdício. Hoje aproveitamos o sabugo para a queima e a cinza para fertilizar os campos. A palha do milho será usada futuramente na geração de energia". Na área cosmética, a fábrica do Boticário lucra R$ 150 mil anualmente só com a venda de resíduos para reciclagem. Além disso, a própria produção de sobras foi reduzida em 48% por meio da análise da cadeia produtiva. Novamente, as dicas valem para empresas de todos os portes. O bar e restaurante Café Cancun de Campinas soma economia mensal de aproximadamente R$ 5.000 racionalizando o uso de diversos insumos, como detergente, toalhas de papel e até sacos de gelo. Texto Anterior: Luz: Racionamento mudou atitude das empresas Próximo Texto: Patrimônio/Funcionários: Mau uso de espaços, máquinas e tecnologias é desperdício "oculto" Índice |
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