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São Paulo, domingo, 02 de novembro de 2003


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GESTÃO

Estudo do Provar aponta furto como uma das causas; lojas de departamentos são as mais lesadas

Varejo perde até 2% do que fatura

LARA SCHULZE
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O varejo nacional perdeu, em 2003, 1,98% do faturamento total de R$ 40,62 bilhões. É o que mostra pesquisa inédita do Provar-FIA (Programa de Administração de Varejo da Fundação Instituto de Administração, ligada à USP), concluída em setembro. Os trabalhos foram iniciados no começo deste ano, e 53 empresas de todos o país -totalizando 2.961 lojas- participaram da pesquisa.
De acordo com os dados do Provar-FIA, as perdas do varejo foram atribuídas aos seguintes fatores: furtos externo e interno, quebra operacional (que reflete falhas no transporte e falta de cuidados no manuseamento, por exemplo), erros administrativos e problemas de digitação ou contagem de itens em estoque (compare no quadro abaixo).
"É um percentual alto para o varejo nacional, principalmente para as pequenas empresas. Elas sofrem mais com as perdas", diz o economista da Fecomercio-SP (Federação do Comércio do Estado de São Paulo) Oiram Corrêa.
O índice de perda é medido em lojas de departamentos, drogarias, supermercados e outras empresas do mercado varejista. Segundo Cecília Leote, coordenadora do grupo de prevenção de perdas do Provar-FIA, a categoria que mais apresenta perdas no varejo são as lojas de departamentos, com índice total de 2,62%. Drogarias e farmácias são as que menos perdem, com 0,52%.
O presidente da Abrafarma (Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias), Sérgio Mena Barreto, 34, atribui o baixo índice de perdas no comércio de farmácias e drogarias a quatro fatores. São eles: baixa margem de lucro, especificidade do segmento, número reduzido do quadro de funcionários e segurança eletrônica. Segundo ele, a margem de lucro do setor em 2002 foi de 0,73%, então "qualquer 0,1% de perda já influencia no lucro."
De acordo com o presidente, o espaço físico limitado das lojas facilita no atendimento personalizado, inibindo tentativas de furto.
Já na categoria campeã de furtos o cenário é diferente. O gerente de auditoria da loja de departamentos Riachuelo, Edson Domingos, 52, conta que os furtos externos acontecem quando a pessoa percebe que não está sendo observada ou quando os sistemas de segurança não estão à vista. "Para evitar roubos, contamos com câmeras e sensores de etiquetas e com funcionários treinados."
Quanto maior o faturamento, maiores as perdas. Nas redes de super e de hipermercados que vendem até R$ 1 bilhão anuais, as perdas são de 2,05%. Quem ganha até R$ 100 milhões/ano perde, em média, 1,67% do total.

Sem estrutura
Não existe uma metodologia implantada nas empresas de varejo nacionais para avaliar suas perdas. Isso dificulta o trabalho de coleta de dados da pesquisa, que acaba sendo aproximada da realidade, mas não um reflexo perfeito. "É apenas um panorama do mercado", diz Leote.
Esta é a terceira edição da pesquisa, e o Provar-FIA está criando um banco de dados para possibilitar a análise dos valores ano a ano. O estudo foi realizado em parceria com a Abras (Associação Brasileira de Supermercados), a Abrafarma, a Accenture e a ICTS Global e apresentado na 37ª Convenção Nacional de Supermercados, que aconteceu no mês de setembro.



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