FREE-LANCE PARA FOLHA

Agregar os conceitos de reciclagem e de proteção ao ambiente à decoração natalina pode ser uma boa sugestão para quem procura novas formas de angariar a simpatia dos consumidores.
E engana-se quem pensa que montar uma "vitrine ecológica" dá mais trabalho. Matéria-prima não falta. O país é campeão mundial em reciclagem de latas de alumínio e está entre os dez que mais reciclam papel, por exemplo.
Tradicional no Natal, a empresa de decoração Cipolatti é uma das que se rendeu ao fim de ano ecológico. "Todos querem o habitual, como neve caindo [na vitrine]. Eu me rebelei. Bolei alternativas como a do Natal da Sucata", afirma Conceição Cipolatti, diretora artística da empresa.
Da idéia surgiu uma megaárvore que foi colocada num shopping. Os enfeites pendurados foram materiais cujo destino seria o lixo. Foram usados chaleiras velhas, frigideiras sem cabo, laços de persianas quebradas, enfim, todo tipo de entulho. No chão, em vez de neve, a textura ficou por conta da macarronada de fios velhos com lâmpadas queimadas.
"Sabendo encaixar produtos naturais e reciclados, a decoração fica bárbara", concorda a arquiteta de interiores Sued Farah. Nas vitrines montadas por ela não faltam folhas e galhos secos, pinhos pintados, cascos de palmeiras. "Outro material simples, barato e que dá destaque é a corda, que dá para trabalhar de todo jeito."
E não é porque o material é reciclado que tem de parecer improvisado. No Núcleo Arte e Papel existem verdadeiras esculturas feitas com objetos naturais ou recicláveis, como anjos de bucha vegetal e cabelos de serragem. "As pessoas associam esse tipo de objeto a coisas mal-acabadas. Queremos mostrar que isso não é verdade", acrescenta Almeri Bolonhesi, uma das donas da loja.
E os enfeites natalinos alternativos não ficam só nas vitrines. No flat Quality Moema, os funcionários foram convocados a apresentar enfeites feitos com reutilização de produtos, que depois serão expostos pela empresa.

Precauções
Trabalhar com produtos alternativos exige cuidados. "Materiais reciclados geralmente usam tinta. Em lojas de alimentos, por exemplo, é preciso cuidado, pois os alimentos podem ser intoxicados pelo cheiro da tinta", diz a decoradora Solange Garcia.
Ela e a artista plástica Rose Ribeiro montaram uma vitrine para a loja de chocolates Cacau Show em Pinheiros (zona oeste de SP) com produtos reciclados. "Usamos uma árvore de garrafas Pet com bolas feitas de jornal, cestos, palha e fitas. O custo total ficou em R$ 100", conta. (AM)


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