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São Paulo, domingo, 07 de dezembro de 2003


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NEGÓCIO EM FOCO

Flexibilizar horários e personalizar atendimento são algumas das ações praticadas

Educação infantil não é brincadeira

TATIANA DINIZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar do clima lúdico, conduzir um estabelecimento de educação infantil -seja um berçário, seja uma pré-escola- não é brincadeira. No setor em que a demanda nunca se esgota, a exigência da clientela é crescente e pede investimentos constantes.
Por se tratar de serviço atrelado à confiança do cliente, o empreendedor deve estar disposto a perseguir a qualidade. "Mais que metas financeiras, o comportamento e a estratégica são os definidores da viabilidade", enfatiza Gilberto Rose, 54, consultor do Sebrae-SP (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas).
Preocupação constante com higiene, reposição de materiais, decoração e, claro, contratação de equipe qualificada, são algumas das regras permanentes para quem se lança nesse mercado.
Ao lado delas, diferenciais como propostas pedagógicas ousadas, flexibilidade de horários e personalização do atendimento são algumas das estratégias cada vez mais usadas no setor.
Há um ano, a pedagoga Marlise Rodembusch apostou todas as economias para abrir a escola Quintal do Saber, voltada a crianças de três meses a seis anos de idade. "Foram quatro meses até termos o primeiro aluno."
Aos poucos vieram os clientes, atraídos por diferenciais como oferecer refeições personalizadas e lavar as roupas das crianças.
Para injetar investimento, Rodembusch abriu sociedade aos funcionários. Hoje, um porteiro, uma berçarista e uma cozinheira também são donos do negócio, que planeja inaugurar sua segunda casa no final deste mês.
Na Grão de Chão, da pedagoga Maria Cecília Franzini, 46, a classe média alta foi o público escolhido para consumir a proposta focada em arte, música e teatro. A mensalidade salgada de R$ 616 por meio período não reduz o volume de alunos, que supera uma centena em grupos de até 12 crianças.
"Os pais bancam o projeto", analisa Franzini, que uma vez a cada bimestre recebe os alunos para dormir uma noite na escola sem custo extra. "Eles adoram, e os pais podem sair", observa.

Sociedade
Na maioria dos casos, as iniciativas na área de educação infantil são conduzidas em sociedade. Os sócios são parentes, funcionários e, muitas vezes, pais de alunos. Mas escolher bem o parceiro é uma lição a ser estudada.
Dona da escola Sonho Meu, a empresária Alessandra Caravetti Cestari já está na quarta sociedade. Depois de tentar uma psicóloga e uma mãe de aluno, decidiu optar pela irmã como parceira.
"Não pode ser qualquer pessoa que se interesse pela proposta, é preciso ter afinidade pedagógica e disponibilidade de tempo. Além disso, há meses em que é preciso abrir mão do lucro para investir na escola", comenta Caravetti.

Multiplicação
Quem tem visão aguçada para perceber oportunidades consegue até gerar novos negócios a partir da operação inicial. Foi o que aconteceu na pré-escola bilíngue Red Brick, que há dois anos originou uma nova empresa -a Blue Brick- para dar aulas de inglês aos seus ex-alunos.
"Percebemos que não havia no mercado uma escola de idiomas capaz de lidar com crianças fluentes em inglês aos seis anos. Então a Blue Brick foi concebida para acompanhar nossos ex-alunos, mas acabou fisgando também crianças que eram fluentes porque haviam vivido com os pais no exterior", explica a diretora Maria Gabriela Queiroz Ferreira, 33.

Por hora
Nem escola, nem lazer. A idéia da bióloga e pedagoga Inês Helena Reingenheim, 55, foi inventar um espaço que recebe as crianças por hora, cobrando taxas entre R$ 12 e R$ 18. Batizado de Passatempo, o local fica aberto até 22h mediante agendamento prévio.
"Atraí avós que cuidam de netos pequenos e que nunca têm muito tempo livre para eles mesmos. Eles encaram a Passatempo como uma etapa de transição entre casa e escola", revela Reingenheim.
Gilberto Rose, do Sebrae-SP, considera a complacência nos horários uma âncora. "Quem é mais cúmplice nas dificuldades de horário dos pais sai ganhando."



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