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São Paulo, domingo, 14 de dezembro de 2003


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VAREJO

Enquanto o comércio tradicional prevê estagnação, o e-commerce coleciona recordes no ano

Vendas on-line ultrapassam R$ 1 bi

PAULA LAGO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O cliente quer comprar sem sair de casa. Ainda que o comércio tradicional e o virtual tenham volumes de vendas muito distintos, o varejo está numa fase de transição que se reflete em números.
De acordo com pesquisa feita neste mês pelo Provar-FIA (Programa de Administração de Varejo da Fundação Instituto de Administração) no comércio tradicional, 64,5% dos consumidores paulistas disseram não ter intenção de adquirir nenhum bem durável ou semi-durável neste Natal. O levantamento feito com relação ao último trimestre do ano apontava que 55,4% dos entrevistados não tinham intenção de compra.
No comércio virtual a história é outra: o Provar estima um crescimento de 1,5% nesse período.
Dados da Camara-e.net (Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico) mostram que 2003 será um ano de recordes para o e-commerce. Pela primeira vez, o faturamento anual do setor deve ultrapassar a marca de R$ 1 bilhão.
Para dezembro, outro recorde é aguardado: vender R$ 160 milhões, "o maior volume da história da internet no Brasil, motivado por uma série de fatores que favorecem o crescimento do e-commerce", analisa Gastão Mattos, presidente da Camara-e.net.

Vantagens
Os fatores que promovem essa situação vão do conforto de estar em casa e não ter de enfrentar lojas lotadas à praticidade de comparar preços em diferentes sites em questão de minutos, passando pelo potencial do segmento.
"Temos atualmente 24 milhões de brasileiros com acesso à internet, sendo que apenas 2,4 milhões dizem já ter feito compra virtual. É um número baixo, mas pode provocar o crescimento do comércio eletrônico, independentemente da economia, pelos próximos três anos", afirma Mattos.
Os números animam, mas manter-se no mundo virtual requer poder de fogo. O mercado brasileiro tem cerca de 5.000 lojas, e 80% do faturamento ficam nos bolsos das 15 maiores empresas.
Investir em propaganda foi a arma usada pela Hard Division, loja virtual de produtos de informática e eletrônicos há cinco anos no mercado, os dois últimos com site próprio. "Quando lançamos nosso site, chegamos a investir quase 80% do faturamento líquido em propaganda. Num momento em que só os grandes apareciam, nós estávamos no meio, começamos a ficar conhecidos", conta Leonardo Chiesi, 26, proprietário. "Para crescer na internet tem de investir em propaganda e em tecnologia."
O resultado desse investimento foi credibilidade. "Muita gente vem por indicação, é o internauta quem faz o site site crescer. Hoje empresas como a Unilever e a Brahma são nossas clientes."
Raridade no e-commerce, a Hard Division só aceita pagamentos à vista. No mercado geral, 80% das compras virtuais são pagas com cartão de crédito, diz Marcelo Leite, diretor de e-business da Mastercard. "Fazemos parcerias com varejo on-line e não só com grandes empresas. Um exemplo é nossa ferramenta de comparação de preços, que traz as pequenas ao lado das grandes."
Segurança continua pesando. "No começo foi difícil, mas hoje o cliente sabe que vai receber o produto e que pode pagar com cartão. O e-commerce amadureceu", analisa Luis Paulo Netto, 43, diretor da E-Vita, loja virtual de nutrição esportiva. Tanto que a Visa vai lançar um dispositivo de segurança que impede a clonagem de cartões em compras on-line.
"O Brasil hoje tem penetração grande no comércio eletrônico, muito por causa do sistema de home banking altamente desenvolvido", observa Luiz Antonio Lourenço de Almeida, vice-presidente de negócios da Visa.


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