São Paulo, domingo, 18 de julho de 2004


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RESPONSABILIDADE AMBIENTAL

Preocupação ainda não gera impacto nos negócios das pequenas

Consumidor final segue alheio à opção

DA REPORTAGEM LOCAL

A idéia de que preocupação com natureza é tarefa para quem tem dinheiro "sobrando" ainda é um considerável empecilho à popularização da responsabilidade ambiental entre micro e pequenos empresários.
Some-se a isso o fato de que, enquanto para as grandes manter um sistema de gestão ambiental otimizado é fator determinante para negociações internacionais, o cliente final brasileiro ainda é pouco sensível ao assunto.
Na prática, produtos ambientalmente responsáveis ainda não se revelam mais atrativos aos olhos do comprador. "O pequeno empresário embarca nessa mais por consciência do que por qualquer outra coisa", analisa Estevão Braga, 28, coordenador de desenvolvimento de mercado e responsabilidade corporativa da Imaflora.
A empresa certifica marcas que utilizam madeira reflorestada e que comercializam produtos agrícolas cultivados sem agredir o ambiente. "Ao mesmo tempo que ainda não conseguem lucrar mais com o conceito, os empresários de menor porte desempenham o papel de formadores de opinião", completa Braga.
O designer André Marx, proprietário da marca homônima de móveis produzidos exclusivamente com madeira oriunda de manejo sustentável, escolheu a opção "ambientalmente correta" nos anos 90.
Em 1996, a movelaria foi a primeira microempresa a adquirir o selo da Imaflora no país, segundo ele conta. "Até hoje só atendi uma cliente que me procurou porque fazia questão de um móvel certificado, e era uma japonesa", afirma Marx. "O mercado brasileiro ainda não se importa com isso."
O designer desenvolveu, há alguns anos, um curso de manejo florestal sustentável aplicado à marcenaria. Para sua surpresa, o programa é solicitado por universidades, não por empresários. "Ainda não é uma prática do setor empresarial. A academia é quem mais se interessa", explica ele.
Mas é justamente a academia quem pode transferir conhecimentos para o mercado e mudar essa situação. Pelo menos na opinião de Rosana Filomena Vazoller, 40, professora de microbiologia ambiental da USP que dirige a OAK Educação Ambiental.
"Usamos a ciência para alavancar projetos socioambientais sob encomenda para empresas públicas e privadas", define ela. A maior procura? "Continua sendo das grandes", confirma.

Parcerias
Vazoller recomenda a microempresários parcerias com universidades para ter amparo técnico na hora de abraçar a responsabilidade ambiental.
"Diferentemente das causas sociais, em que o amor acaba ditando caminhos, projetos ambientais pedem um norte tecnológico. Um estudante de biologia levado como estagiário a uma empresa, por exemplo, pode dar colaborações valiosas", ensina a especialista.
Ela enfatiza que ações interessantes podem ser emplacadas sem gastos exorbitantes. Uma delas, bastante simples, é descobrir o conteúdo da Agenda 21 juntamente com os funcionários.


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