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EMBATE NO ALTO-FALANTE
Setores recorrem a acordo com o governo chinês e a campanhas sociais
Ópticos e têxteis buscam alternativas
DA REPORTAGEM LOCAL
No setor óptico, a opção de adotar salvaguardas não é consenso
-mesmo com a invasão de bens
da Ásia, especialmente da China,
da Indonésia e das Filipinas.
O Siniop (sindicato da indústria) entrou com pedido com base
nos dados dos últimos anos.
"Eram 300 firmas até 2000. Hoje,
são menos de 60", enumera o presidente da entidade, Rinaldo Dini.
Segundo ele, se medidas de proteção não forem adotadas, "as pequenas e médias firmas que ainda
existem quebrarão". "A indústria
nacional tem 5% de mercado. O
índice era de 50% há cinco anos."
Importadores e varejistas optaram pela adoção de outra tática.
"Não podemos penalizar os importadores que fazem um trabalho sério", argumenta o diretor-executivo da Abiótica (associação
do setor), Cesar Mattos.
A entidade também afirma não
ter poder suficiente para combater a entrada de importados ou a
falsificação, uma vez que "nem a
indústria de software -que é
uma das maiores e conta com
mais verba do que o setor óptico- conseguiu acabar com isso".
No entanto, já está pronto o plano B: a associação vai lançar um
programa para alertar a população sobre a importância da escolha correta de lentes e armações
de óculos. "Faremos uma campanha para que o consumidor cuide
da visão e para que fique atento ao
produto que compra", ressalta.
Proprietário de uma ótica que
leva seu nome, Miguel Giannini
diz acreditar que a salvaguarda
não seria capaz de afetar seu negócio. Ele explica: "O importante
é criar um diferencial. Estar no
"corredor comercial", disputando
mercado apenas com preços
competitivos, não é vantajoso".
O empresário apostou na dupla
atendimento personalizado e
atualização. Mas não esconde que
o ano passado foi difícil. "Com o
orçamento mais apertado, as pessoas esperaram até o fim do ano
para fazer seus óculos", afirma.
Pano para a manga
"No curto prazo, os mecanismos de proteção podem ser benéficos porque nem sempre a indústria e o varejo estão preparados
para a concorrência", diz o coordenador-geral do Provar (Programa de Administração de Varejo),
Claudio Felisoni. Ele completa:
"Barreiras devem ser seletivas para não estimular a ineficiência".
A tática adotada pelo setor têxtil
para desestimular a entrada de
itens chineses no Brasil foi um
acordo que prevê a restrição voluntária de 70 produtos têxteis. O
pacto, no entanto, não exclui a
adoção de salvaguarda.
"Não é grande coisa, mas está a
contento", afirma o presidente da
Abravest (Associação Brasileira
do Vestuário), Roberto Chadad.
Além do controle nas aduanas,
a entidade também vai lançar um
selo que padronizará etiquetas,
medidas e lavagens das peças.
"Melhorar a qualidade é uma
das estratégias para que os produtos brasileiros diferenciem-se dos
fabricados na China", adianta.
O comércio também terá de se
adaptar. "Mas, ao contrário da indústria, o varejo tem mais facilidade para adequar-se ao novo panorama, pois não precisa alterar
sua estrutura -basta adquirir
outros produtos que sejam semelhantes aos que comercializavam
anteriormente, ainda que não sejam os ideais", indica o professor
de canais de distribuição e varejo
do Ibmec-SP Eugenio Foganholo.
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