São Paulo, domingo, 19 de fevereiro de 2006


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EMBATE NO ALTO-FALANTE

Setores recorrem a acordo com o governo chinês e a campanhas sociais

Ópticos e têxteis buscam alternativas

DA REPORTAGEM LOCAL

No setor óptico, a opção de adotar salvaguardas não é consenso -mesmo com a invasão de bens da Ásia, especialmente da China, da Indonésia e das Filipinas.
O Siniop (sindicato da indústria) entrou com pedido com base nos dados dos últimos anos. "Eram 300 firmas até 2000. Hoje, são menos de 60", enumera o presidente da entidade, Rinaldo Dini.
Segundo ele, se medidas de proteção não forem adotadas, "as pequenas e médias firmas que ainda existem quebrarão". "A indústria nacional tem 5% de mercado. O índice era de 50% há cinco anos."
Importadores e varejistas optaram pela adoção de outra tática.
"Não podemos penalizar os importadores que fazem um trabalho sério", argumenta o diretor-executivo da Abiótica (associação do setor), Cesar Mattos.
A entidade também afirma não ter poder suficiente para combater a entrada de importados ou a falsificação, uma vez que "nem a indústria de software -que é uma das maiores e conta com mais verba do que o setor óptico- conseguiu acabar com isso".
No entanto, já está pronto o plano B: a associação vai lançar um programa para alertar a população sobre a importância da escolha correta de lentes e armações de óculos. "Faremos uma campanha para que o consumidor cuide da visão e para que fique atento ao produto que compra", ressalta.
Proprietário de uma ótica que leva seu nome, Miguel Giannini diz acreditar que a salvaguarda não seria capaz de afetar seu negócio. Ele explica: "O importante é criar um diferencial. Estar no "corredor comercial", disputando mercado apenas com preços competitivos, não é vantajoso".
O empresário apostou na dupla atendimento personalizado e atualização. Mas não esconde que o ano passado foi difícil. "Com o orçamento mais apertado, as pessoas esperaram até o fim do ano para fazer seus óculos", afirma.

Pano para a manga
"No curto prazo, os mecanismos de proteção podem ser benéficos porque nem sempre a indústria e o varejo estão preparados para a concorrência", diz o coordenador-geral do Provar (Programa de Administração de Varejo), Claudio Felisoni. Ele completa: "Barreiras devem ser seletivas para não estimular a ineficiência".
A tática adotada pelo setor têxtil para desestimular a entrada de itens chineses no Brasil foi um acordo que prevê a restrição voluntária de 70 produtos têxteis. O pacto, no entanto, não exclui a adoção de salvaguarda.
"Não é grande coisa, mas está a contento", afirma o presidente da Abravest (Associação Brasileira do Vestuário), Roberto Chadad.
Além do controle nas aduanas, a entidade também vai lançar um selo que padronizará etiquetas, medidas e lavagens das peças.
"Melhorar a qualidade é uma das estratégias para que os produtos brasileiros diferenciem-se dos fabricados na China", adianta.
O comércio também terá de se adaptar. "Mas, ao contrário da indústria, o varejo tem mais facilidade para adequar-se ao novo panorama, pois não precisa alterar sua estrutura -basta adquirir outros produtos que sejam semelhantes aos que comercializavam anteriormente, ainda que não sejam os ideais", indica o professor de canais de distribuição e varejo do Ibmec-SP Eugenio Foganholo.


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