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Tática nem sempre cai no gosto da clientela; para crítico gastronômico, restaurante perde diferencial
Receita desanda sem planejamento
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Apesar do crescimento notável
de algumas redes de restaurantes
na linha do "crie-seu-prato", é
preciso que o empreendedor se
lembre de que apostar nessa inovação requer uma série de ingredientes: planejamento, conhecimento do setor, preocupação
constante com o treinamento do
pessoal e atenção à qualidade
equacionada com a agilidade na
prestação dos serviços.
Além disso, não são todas as
pessoas que fazem questão de
preparar seus próprios pratos.
Nesse sentido, vale ouvir o alerta de Josimar Melo, crítico gastronômico e colunista da Folha: "Em
termos de gastronomia, esse tipo
de serviço não acrescenta nada".
Para ele, optar por essa estratégia é válido para quem se contenta
com fast food. "Do ponto de vista
da experiência gastronômica, você espera algum diferencial. É importante o restaurante ter uma cara. Faz parte experimentar a "obra
de arte" do chef. Ele tem experiência no assunto, ao contrário da
maioria dos consumidores", diz.
Sanduíche "mutante"
Na opinião de Mário Chady, sócio da rede Spoleto, a personalização dos pratos não é o único modelo de negócio com espaço no
mercado. Para ele, algumas pessoas ainda preferem escolher sugestões já preparadas, e cabe ao
empresário enxergar qual a melhor opção para o consumidor.
"Nem sempre a "customização"
é o que a clientela quer. A obrigação do empresário é entender e
atender os anseios do cliente."
Para quem segue a nova estratégia, Gustavo Carrer Azevedo,
consultor de marketing do Sebrae-SP, recomenda especial
atenção à administração dos serviços. "A flexibilidade da oferta,
com o aumento da variedade de
produtos, obriga o empreendedor a ter uma gestão muito mais
afinada. É preciso adotar sistemas
de controle mais complexos", diz.
A diretora-executiva da ABF
(Associação Brasileira de Franchising), Anette Trompeter, também pondera: "Vejo isso [restaurantes com liberdade de criação
de pratos] como um diferencial
de serviço, não uma tendência".
Modismo ou não, o fato é que a
flexibilidade no cardápio atingiu
até redes de lanchonetes como o
McDonald's, que sempre investiu
nas promoções de ofertas fechadas e que, desde fevereiro, possibilita ao cliente trocar o acompanhamento e o tipo de bebida.
A decisão foi baseada em pesquisas. "O que queremos é nos
antecipar a essas demandas e surpreender o cliente", afirma Roberto Désio, vice-presidente da
rede no Brasil, que conta com 582
restaurantes. Segundo ele, a tática
já gerou um incremento de cerca
de 6% nas vendas.
(CB)
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