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GESTÃO
Nos EUA, 56% não conhecem os objetivos das firmas
Funcionários atuam "às cegas" na empresa
EDSON VALENTE
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Olhe bem para seu time de funcionários e pergunte a si mesmo: é
possível passar boa parte da vida
em um mesmo emprego sem saber exatamente quais são os valores e objetivos da empresa?
Pesquisa sobre produtividade
no ambiente de trabalho, concluída em abril pela consultoria FranklinCovey com trabalhadores dos
Estados Unidos, mostra que sim.
Só 44% dos 11 mil entrevistados
conheciam as metas das firmas.
Como consequência disso, ocupam 49% de seu tempo de trabalho com tarefas desligadas das
prioridades organizacionais.
Mas o problema não está restrito ao mercado norte-americano.
"Sentimos ausência de foco aqui
também", diz Paulo Kretly, presidente da FranklinCovey Brasil.
"O brasileiro é até mais comprometido do que o norte-americano, mas, devido à falta de organização, tem baixa produtividade." Ou seja, ficar até as 22h no escritório pode ser um hábito nas
empresas locais, mas o grande
número de horas trabalhadas não
significa um bom desempenho.
"É preciso melhorar o gerenciamento do tempo", afirma Kretly.
"As pessoas usam palmtop, computador, várias agendas, mas acabam se complicando ainda mais."
Em razão dos enxugamentos
nas empresas, a redistribuição de
tarefas pode deixar a equipe ainda
mais perdida. Mais de 40% dos
entrevistados na pesquisa se queixaram do acúmulo de atividades.
Ausência de clareza
A maior preocupação dos consultores não é com empregados,
mas com patrões. Diz respeito à
pouca transparência dos objetivos corporativos. Segundo Gilberto Guimarães, diretor da BPI, a
grande maioria dos trabalhadores
não sabe o que é esperado dela.
"Acabam fazendo coisas que os
mantêm ocupados e evitam que
levem broncas, o que, em geral, é
o único feedback [retorno] que
recebem [da chefia]. A culpa é dos
líderes e gerentes", explica.
Ele completa: "Isso acontece em
todos os países. Na maioria das
empresas não há acesso a resultados. Os diretores comemoram na
sala de reuniões, mas os trabalhadores ficam sem saber por quê".
Para Marcelo Mariaca, diretor-presidente da Mariaca & Associates, as empresas dos EUA divulgam mais a sua missão e os seus
valores organizacionais porque
boa parte é de capital aberto e
"tende a ser mais transparente,
publicando relatórios anuais".
"Já as brasileiras, a maioria de
capital fechado, são mais herméticas, principalmente as pequenas.
São hábitos antigos. Calculo que
apenas entre 5% e 7% dos empregados no Brasil conheçam claramente as metas das empresas em
que atuam", completa.
"Não dá para se comprometer
com algo que não se sabe o que é",
resume Renato Gutierrez, gerente
da Deloitte Touche Tohmatsu.
E o comprometimento vem
caindo, diz José Hipólito, da
Growth Consultoria. "Antes as
pessoas passavam um tempo
maior da vida na mesma empresa. Hoje deslocam o comprometimento para a própria carreira. Às
empresas cabe alinhar seus objetivos com os dos empregados."
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