UOL


São Paulo, domingo, 27 de abril de 2003


Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Grupo incorpora inovações, que vão de criação de conselhos a uso de intranet

Companhias criam "G-8" do franchising

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Como uma espécie de G-8 (reunião dos sete países mais ricos do mundo e a Rússia), oito redes criaram grupo para discutir conceitos gerenciais e trocar informações estratégicas de negócios.
Esse "G-8" congrega marcas que não são diretamente concorrentes entre si e que incorporam práticas da gestão por valor. Blockbuster, Bob's, Fotoptica, Gastotal, Le Postiche, Livraria Nobel, Mundo Verde e Yázigi Internexus formam o grupo.
A Le Postiche, rede de venda de malas e bolsas, vai compartilhar a redefinição do seu formato, que envolveu a troca do franchising pelo licenciamento. "Nosso sistema era muito centrado", diz o diretor José Carlos Figueiredo. "Tornava a gestão impositiva."
Segundo ele, os manuais de operação foram substituídos por "guias de práticas recomendáveis". "Uma ação de varejo de hoje pode não ser válida amanhã", define. As taxas de royalties, antes calculadas sobre o faturamento bruto, assumiram um valor fixo, para evitar que os parceiros "maquiassem" seus rendimentos.

Controle total
Para incentivar que os licenciados contribuam efetivamente com sugestões para o funcionamento do grupo, foi implantado um software que reúne dados de estratégias utilizadas por unidade. As idéias que geram os melhores resultados são adotadas pelas outras lojas da rede.
Não basta, contudo, possuir um sistema que armazene boas sugestões se o franqueador não tem boa capacidade de análise e de implementação. "É preciso saber ler, classificar, avaliar a experiência e devolvê-la sistematizada para o formato da franquia", pondera Marcia Pires, diretora de marketing e gestão de rede da Yázigi Internexus, outra do "G-8".
Ela sustenta que a empresa, por constituir um dos mais antigos sistemas de franchising do Brasil (desde a década de 70), pôde entrar com mais conhecimento de causa nessa "nova" geração.

Conselhos democráticos
A participação de franqueados nas decisões se reflete na existência de conselhos deliberativos formados por eles e no uso de intranet para a troca de experiências.
A Mundo Verde, loja de produtos naturais, adotou um sistema democrático de votação. Críticas e sugestões são debatidas regularmente por um conselho composto por sete membros, seis franqueados mais o franqueador. Os seis são eleitos pelo próprio grupo, de cerca de 80 franqueados.
"Se quatro membros do conselho votam a favor de uma determinada medida, ela tem 99% de chance de ser implantada na rede", estima Elisio Joffe, diretor de franquias. Todos os sete votos têm o mesmo peso.
Ele ressalta, contudo, que o franqueador tem o direito de veto. "Só aconteceria no caso de uma sugestão sem pé nem cabeça, como uma proposta para mudar o verde do letreiro", exemplifica.
Entre as idéias que nasceram nas reuniões e que foram implementadas na Mundo Verde, estão o tipo de mobiliário usado e a presença de nutricionistas nas lojas.
O Bob's, por sua vez, organizou comitês de franqueados divididos por áreas. Há o de marketing, o de logística e o de operações. "Foram criados para discutirmos com mais objetividade os pontos que podem ser desenvolvidos", diz Flávio Maia, diretor de franquias.
Itens do cardápio, como o suco de acerola, e também o software adotado nas lojas surgiram a partir de idéias de parceiros.


Texto Anterior: Na prática
Próximo Texto: Seleção de parceiros fica mais rígida
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.