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Petróleo no México sob escrutínio

Por ELISABETH MALKIN

COATZINTLA, México - Durante sete décadas, a Pemex, o monopólio estatal do petróleo do México e um dos esteios das receitas do governo, se autorregulamentou -o que é uma maneira educada de dizer que podia fazer o que bem entendesse.

Nenhuma autoridade contestava os investimentos como os bilhões que ela gastou no campo de petróleo de Chicontepec para extrair uma quantidade mínima de petróleo, enquanto empresas privadas tiravam torrentes de campos de xisto semelhantes no Texas e na Dakota do Norte.

Os procedimentos de segurança da empresa ficaram amplamente sem supervisão enquanto ela perfurava em águas profundas no golfo do México. E a companhia não enfrentou sérias consequências por não cumprir sua promessa de aumentar a produção ou operar com maior eficiência.

Mas isso começou a mudar. A pequena Comissão Nacional de Hidrocarbonetos, criada pelo Congresso mexicano em 2008 para aumentar a supervisão regulatória da companhia, começou a questionar a empresa sobre onde e como procuram petróleo.

Com uma série de novos regulamentos e sua própria avaliação da exequibilidade dos projetos da Pemex, a comissão, com uma equipe de 61 pessoas e um orçamento anual de cerca de US$ 7 milhões, está pressionando a companhia para que explique seus planos.

A Pemex não precisa seguir as recomendações dos reguladores, mas o presidente da comissão, Juan Carlos Zepeda, está se manifestando quando ela não o faz. "A força da comissão está na opinião pública", disse Zepeda, 42, um economista que afirma que a Pemex (Petróleos Mexicanos) deveria ser transparente ao gastar US$ 20 bilhões neste ano para localizar e extrair petróleo.

O governo conta com a receita da empresa para até 40% do orçamento nacional e aplica impostos tão altos que no ano passado a Pemex perdeu US$ 6,5 bilhões sobre vendas de US$ 111,5 bilhões.

Enquanto o petróleo jorrava nos campos gigantescos da Pemex em alto-mar, parecia haver poucos motivos para contestar a situação. Mas a produção diminuiu desde 2004, e a capacidade da companhia de descobrir e explorar novas fontes de petróleo foi posta em dúvida. A comissão rastreou de perto o projeto Chicontepec, em que a Pemex gastou quase US$ 9 bilhões. Os reguladores disseram que, na pressa para cumprir metas de produção ambiciosas, a empresa estava perfurando centenas de novos poços sem estudar a geologia da região ou as melhores técnicas de extração.

Nas últimas semanas, a Pemex e o chefe de sua subsidiária de produção e exploração, Carlos Morales Gil, começaram a reagir à pressão. A empresa reduziu sua estimativa de prováveis reservas em Chicontepec em 30%, para 6,49 bilhões de barris de equivalente a petróleo, pondo fim a dois anos de disputas com a equipe de Zepeda.

Então, no fim de março, a Pemex anunciou que havia assinado um contrato com a Wild Well Control, empresa de Houston que lida com petróleo assim como com desastres, incluindo o vazamento da BP em 2010, para fornecer os sistemas de contenção em águas profundas, e está em negociação com um consórcio de empresas de petróleo do golfo do México para fornecer serviços adicionais.

Morales sugeriu que algumas das garantias que a comissão quer da Pemex antes que a companhia comece a perfurar em águas profundas refletem a inexperiência da comissão. "Nós fazemos isso há 70 anos", disse.

Houve algumas notícias positivas. A produção de petróleo da Pemex se estabilizou em 2,5 milhões de barris por dia, frente ao pico de 3,4 milhões em 2004.

E um novo chefe, Antonio Narváez Ramírez, está encarregado de Chicontepec. Narváez passou 18 meses supervisionando operações e adotando novas ideias. "A Pemex está habituada a fazer coisas de maneira convencional porque os campos de petróleo eram convencionais", disse. "Mas isso acabou."

A produção em Chicontepec, hoje de 65 mil barris de petróleo por dia, está aumentando, apesar de a meta de 300 mil barris estar muito distante. "Afinal, vamos aprender a produzir em campo", disse Zepeda. "É uma pena que isso custe tanto dinheiro. A curva de aprendizado é muito cara."

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