São Paulo, segunda-feira, 02 de agosto de 2010

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Condomínio canadense se torna experimento ecológico

Por LINDA BAKER

VICTORIA, Colúmbia Britânica (Canadá) - São raras as pessoas que apreciam ter uma usina de tratamento de esgoto em seus quintais. Mas em Dockside Green, condomínio de 70 mil m2 que está sendo construído ao norte do porto central da cidade de Victoria, os serviços públicos no bairro são menos um motivo de alarme do que parte do pacote de vantagens.
"Essas são as nossas unidades que vendem mais rápido", disse Joe Van Belleghem, empreiteiro local que ganhou o concurso promovido pela cidade em 2004 para desenvolver Dockside Green.
Em uma tarde recente, Van Belleghem estava na obra, apontando para os apartamentos térreos com deques que se projetam sobre uma rede de lagoas e canais com plantas nativas, lontras e patos.
O riacho artificial circula a água reciclada em uma usina de tratamento de esgoto subterrânea adjacente. A água também é usada para a descarga nos banheiros e para irrigar a paisagem -um sistema fechado que ajuda a reduzir as contas de água dos moradores, oferece um refúgio para animais silvestres e "melhora a comercialidade do espaço", disse Van Belleghem.
Dockside reflete o interesse de Victoria por manter o caráter industrial da cidade enquanto reurbaniza os terrenos à beira-mar, disse Deborah Day, diretora de planejamento da cidade. "Há um esforço para incorporar o uso residencial misto em equilíbrio com a preservação do porto, que é uma grande parte da tradição e do motor econômico de Victoria."
O projeto também inclui uma usina de aquecimento, que transforma dejetos da madeira abatida no local em um gás de queima limpa que gera o aquecimento de ambientes e da água da comunidade.
O sistema, que elimina a necessidade de usar combustíveis fósseis como fonte de calor, ilustra a abordagem comunitária de Dockside a um projeto ambientalmente amigável, disse o arquiteto Robert Drew, principal sócio da firma Busby Perkins & Will.
Dockside foi originalmente uma sociedade entre o Windmill Development Group, dirigido por Van Belleghem, e o Vancity, sindicato de crédito do Canadá. O projeto deverá custar cerca de 500 milhões de dólares canadenses (R$ 852 mi).
Outros sinais da sensibilidade ambiental de Dockside são as turbinas de vento nos telhados. E um projeto solar passivo, ventilação com ar externo e eletrodomésticos eficientes ajudam a reduzir o uso de energia nos edifícios de Dockside em cerca de 50%.
As unidades têm sensores que permitem o monitoramento diário do uso de energia e água. Como os dejetos de madeira são considerados um combustível de emissão zero, os residentes não têm de pagar uma taxa de carbono para aquecer os ambientes ou a água.
Em fevereiro, o analista técnico Scott Wilson e a auxiliar de enfermagem Shirley Ronco compraram um apartamento de 93 m2 por 430 mil dólares canadenses (cerca de R$ 730 mil). Wilson disse que a conta de aquecimento e água quente do casal em maio foi de 12,66 dólares canadenses. "Eu pensei que eles tivessem esquecido de colocar um zero", ele contou.


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