São Paulo, segunda-feira, 04 de abril de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Não é blefe: robô agora joga pôquer

Por GABRIEL DANCE
Bryan Taylor, 36, sentia que havia algo estranho. Três de seus adversários mais frequentes em um site de pôquer on-line jogavam de maneiras tão parecidas que despertavam suspeitas.
Taylor acreditava que estava competindo contra computadores -especificamente "bots", abreviação de "robôs"- programados para vencerem as probabilidades.
Ele tinha razão. Após investigação, o site PokerStars determinou que os adversários de Taylor eram computadores disfarçados de pessoas e os excluiu.
"Bots" de pôquer não são novidade, mas até recentemente os seres humanos dominavam melhor as nuances do jogo e costumavam vencer as máquinas. Agora, a inteligência artificial avançou a ponto de os robôs serem capazes de ganhar dezenas de milhares de dólares em grandes sites de jogos.
Os "bots" que Taylor identificou foram excluídos em julho do PokerStars.
Em outubro, outro grande site de pôquer, o Full Tilt, informou aos clientes que havia tomado providências para limitar a proliferação de "bots".
"Quando um jogador é identificado como 'bot', o PokerStars o remove dos nossos jogos o mais rapidamente possível", disse o gerente de segurança do site, Michael Josem.
Apesar disso, "bots" de pôquer são abertamente vendidos na internet. A Shanky Technologies oferece licenças do Poker Holdem Bot -o alvo da repressão do Full Tilt- por US$ 129 anuais. Brian Jetter, cofundador da Shanky, disse que mais de 400 clientes seus já foram banidos do Full Tilt, e que o site confiscou mais de US$ 50 mil ganhos por jogadores-robôs, uma cifra que ele qualificou como "estimativa conservadora". Jetter acrescentou que o site está abrindo mão de pelo menos US$ 70 mil por mês ao excluir os "bots" dos seus clientes.
"Não achamos que outras salas de pôquer que nós apoiamos vão tomar uma decisão financeira similar", disse Jetter. Estima-se que haja cerca de 600 sites de pôquer.
Muitos "bots" de pôquer foram criados por programadores como um exercício pessoal ou por hobby. Alguns compradores acham que podem ganhar dinheiro com os robôs, mas outros os usam em exercícios intelectuais. Os compradores podem programar seus "bots" para que tomem diferentes decisões sob várias circunstâncias e, então, observam quais resultados são mais bem sucedidos quando aplicados ao mundo real. A ciência dos "bots" de pôquer ainda está na sua infância, o que pode ser uma razão para alguns sites não os reprimirem.
Ao contrário de um "bot" de xadrez, o robô do pôquer faz a maior parte de seu trabalho previamente à partida, realizando milhões de simulações antes da primeira jogada.
Mas, mesmo com a grande quantidade de memória disponível nos computadores atuais, calcular todos os cenários seria implausível.
Quanto a Taylor, sua habilidade em detectar "bots" lhe rendeu um emprego. Ele agora trabalha em tempo integral para a PokerStars, onde "ajuda a proteger a integridade dos nossos jogos", segundo Josem.


Texto Anterior: Avaliação depois do vazamento
Próximo Texto: Ensaio - John Tierney: Livre arbítrio, a única opção

Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.