São Paulo, segunda-feira, 04 de maio de 2009

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Gigantes da informática disputam consolidação

Por ASHLEE VANCE

SAN FRANCISCO - Cada vez mais, as empresas clientes querem a mesma coisa: um só fornecedor que lhes garanta todos os hardware, software e serviços de informática. E as maiores empresas de tecnologia vêm empregando suas enormes reservas em aquisições que visam reforçar sua capacidade de ser esse provedor unificado.
Essa tendência levou a Oracle, líder no setor de softwares para empresas, a anunciar recentemente a compra, por US$ 7,4 bilhões, da enfraquecida Sun Microsystems e o ingresso no ramo do hardware de computação. A Oracle passou à frente da rival IBM, que cogitava adquirir a Sun para reforçar sua própria oferta de software.
"A Oracle será a única capaz de produzir um sistema integrado -de aplicativos a disco- em que todas as peças se encaixam e trabalham em conjunto, de modo que os clientes não precisem fazê-lo eles mesmos", declarou recentemente o executivo-chefe da empresa, Lawrence J. Ellison.
A investida na consolidação vem dificultando a vida de companhias independentes como a Sun, o que ressalta a pressão crescente sofrida por companhias pequenas nos setores de computadores, armazenagem de dados e software para encontrar compradores. Segundo observadores da indústria, até mesmo empresas maiores, como EMC e Dell, podem estar vulneráveis.
"Acho que estamos no quinto tempo de uma partida de consolidação que terá nove ao todo", previu William T. Coleman III, ex-executivo da Sun e atual chefe da nova empresa de softwares Cassatt. "A partida está muito longe do fim, e há coisas drásticas ainda por vir."
Cinco anos atrás, a Oracle comprou a PeopleSoft por mais de US$ 10 bilhões, desencadeando uma corrida para a aquisição de outros fabricantes de softwares empresariais. Desde então, a Oracle já adquiriu mais de 40 outras firmas e gastou quase US$ 15 bilhões apenas na compra da BEA e da Siebel Systems.
Muitas das companhias compradas pela Oracle tinham criado nichos durante a fase de crescimento da internet. Após a implosão da bolha do setor, porém, os clientes se cansaram de receber visitas de vendedores de softwares oferecendo produtos isolados. Surgiu um modelo mais simples, no qual empresas como Oracle, IBM e Hewlett-Packard compraram dezenas de companhias menores e então competiram para vender a maior parte dos softwares.
Enquanto empresas de softwares lideraram a última rodada de consolidações, agora é a indústria de hardware que parece estar prestes a se reformular. "Acho que estamos num ponto de inflexão", comentou Patricia C. Sueltz, ex-executiva da IBM e da Sun e atual administradora da empresa recém-fundada LogLogic.
Nos últimos dez anos, a HP impulsionou boa parte da consolidação por meio de grandes aquisições. Ela comprou a Compaq em 2001, o que afetou os mercados de PCs e de servidores, na medida em que outras empresas de esforçaram para crescer e equiparar-se à HP. Por exemplo, a fabricante chinesa de computadores Lenovo comprou a divisão de PCs da IBM, e a Acer, de Taiwan, adquiriu a Gateway, que já tinha adquirido a eMachines. Em 2008, a HP comprou a Electronic Data Systems, uma das maiores empresas de serviços de tecnologia.
Mais recentemente, as maiores empresas de tecnologia vêm invadindo as áreas de especialização umas das outras. Com US$ 34 bilhões à disposição, a Cisco tem mais reservas que qualquer outra empresa de tecnologia, e seu nome vem sendo mencionado como candidato à aquisição de fabricantes de sistemas de armazenagem, como EMC e NetApp. Também a HP aparece como compradora potencial da NetApp. E a Dell prometeu gastar bilhões de dólares comprando servidores e empresas de armazenagem e serviços.
"Acho que as pessoas andaram receosas, mas ainda há uma tonelada de dinheiro aí fora para ser gasta", disse Peter Falvey, cofundador do Revolution Partners, banco de investimentos que trabalha sobretudo com empresas de tecnologia.


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